quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Capítulo 2 - Equipe das Poderosas

Notas iniciais: Primeiros momentos da Anita sem a Rafa e sem o Luan. Como será que a nossa Gata Garota vai se virar, hein?

Cap tá gigante! Espero que gostem!*
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Ponto de vista da Anita – Equipe das Poderosas

*** Link para música -
http://www.youtube.com/watch?v=BmT016ndc2c *** (Pulem o anúncio!)

“Uma chamada recebida de ‘Luan Paixão da minha vida’. Aceitar?”

Olhei para o celular que estava entre as minhas mãos. Em seguida, deslizei o dedo pela tela rejeitando a chamada. Eu já perdera as contas de quantas vezes o Luan havia tentado falar comigo desde que eu deixara a Toca.
 
Encostei a cabeça no vidro do carro, olhando a paisagem lá fora. O taxista amigo da Malú era um senhor de cabelos brancos que usava um óculos de grau com lentes muito grossas e dirigia MUITO devagar enquanto cantarolava uma música triste que tocava no rádio.
 
“If you (Se você)
If you could return (Se você pudesse voltar)
Don't let it burn (Não deixar isso queimar)
Don't let it fade (Não deixar isso desaparecer)
I'm sure I'm not being rude (Tenho certeza de que não estou sendo rude)
But it's just your attitude (Mas é apenas sua atitude)
It's tearing me apart (Está acabando comigo)
It's ruining everything (Está arruinando tudo)”


Fechei os olhos e me encolhi no banco, usando toda a minha força de vontade para não chorar. Eu me arrependera de deixar o meu lar e o meu marido no instante em que coloquei o pé para fora de casa. Eu passara a minha vida inteira sonhando em ter uma família de verdade, que se reunia aos finais de semana para comer churrasco e tocar violão na beira da piscina; que brigava, mas fazia as pazes logo em seguida; e, principalmente, que se amava e superava todos os obstáculos unida. Desde que eu me mudara para Londrina e passara a conviver diariamente com a Trupe na Toca era como se eu passasse a me sentir completa. Aquela era a primeira vez que eu não me sentia sozinha. Pelo contrário, o Luan, aos poucos, preencheu todas as lacunas da minha vida: Ele me trouxe um grande amor, amigos, família...

E agora, depois de tudo, ele vinha com aquele papo de que eu não seria capaz de cuidar do bem mais precioso da minha vida; do fruto de tudo o quê o Luan plantou na minha vida... Como ele poderia duvidar que eu seria uma boa mãe? E o pior, como eu mesma poderia duvidar disso também?

Aquilo tudo não era justo! No momento que eu mais precisava de apoio, o Luan me traía. Naquele momento eu não sabia o quê doía mais: a saudade que eu já sentia dele e da Toca ou o fato do meu marido não cumprir com o juramento que fez no altar de me apoiar e estar ao meu lado em todos os momentos.

“I swore (Eu jurei)
I swore I would be true (Eu jurei que seria sincera)
And honey, so did you (E querido, você também jurou)”


Caramba, aquela música também não estava ajudando em nada! Abri os olhos e comecei a procurar os meus fones de ouvido dentro da bolsa. Ao meu lado no banco a Divinha me encarava com uma cara que dizia “Cadê o Papai?”. Ao lado do motorista, a Malú fingia estar prestando atenção nas atualizações do Instagram que apareciam na tela do seu celular. De onde estava eu conseguia ver que ela não estava feliz. Aliás, a única pessoa feliz naquele carro era o motorista. Uma pena que isso não servia de razão para que ele dirigisse mais rápido...

Depois do que me pareceram anos, finalmente chegamos ao aeroporto e pedimos que o nosso “motorista-múmia” nos deixasse perto do Hangar onde o Black Jack ficava guardado.

- Nossaaaa, pensei que nunca mais iríamos chegar! – Falei aliviada quando o carro parou. Era noite, e o Hangar estava calmo. Não havia muito movimento por ali. Ao longe era possível ver alguns jatos particulares se preparando para pousar ou para seguir para o hangar, era difícil saber.

- Estão entregues, senhoras. Quem vai pagar pela corrida? – A “múmia” quis saber.

- Hum... Você aceita cartão de crédito? – Perguntei, surpresa. Eu havia me esquecido completamente daquele 'detalhe'.

- Não! Pagamento só em dinheiro! – Ele retrucou, de repente ficando muito bravo.

Comecei a revirar a minha bolsa atrás de dinheiro e pedi para que a Malú fizesse o mesmo. Juntamos todos os nossos trocados para pagar a corrida e ainda ficamos devendo 0,50 centavos para o taxista. Ele apenas ficou nos observando, se divertindo com o nosso desespero enquanto a Divinha tentava morder o chaveiro da minha bolsa. A situação não poderia ter sido pior!

Nota mental: Da próxima vez que fugir de casa, lembrar de pegar dinheiro em espécie. Será que seria muito chato mandar todas as minhas contas para a Rafa continuar pagando? Isso não era não ser independente, tratava-se apenas de ter alguém competente para cuidar das suas despesas, não era?

- Bom, agora que já acertamos esse pequeno detalhe do pagamento, será que o senhor pode nos ajudar com as malas? – Pedi, tentando mudar de assunto e mostrar superioridade.

- Posso, claro. Mas só uma pergunta: Onde vocês vão colocar essas malas? Porque esse “galpaozão” aí na nossa frente está fechado – O meu “querido” taxista falou fazendo cara de “Sou o sabichão do momento”.

Eu e a Malú nos entreolhamos. Nós duas havíamos esquecido daquele outro pequeno detalhe: Para decolarmos com o Black Jack nós precisaríamos da equipe que preparava o jato para decolar, além de um piloto.

- Fala para mim que você tem o telefone do Comandante Otávio... – Perguntei para a Malú com a voz aflita.

- Aqui comigo, não... – A fotografa me respondeu, também ficando nervosa.

- Mas você não era a secretária da Rafa? Você não a ajudava com todas essas coisas de agendar viagens e tudo o mais? – Questionei ficando a cada segundo mais agitada. Eu passava as mãos no cabelo como sempre fazia quando estava nervosa.

- Ajudava, mas os telefones sempre ficaram anotados na agenda da Rafa. Eu sempre olhava lá quando precisava ligar para alguém – A Malú se defendeu.

- Ahhh Maria Luiza! Eu pensei que você tivesse vindo comigo para me ajudar, não para me atrapalhar! – Ralhei com ela perdendo completamente a linha.

- NÃO-ME-CHAMA-DE-MARIA-LUIZA – Ela me respondeu entre dentes.

- Vou chamar do quê, então? De parceira de fuga completamente “fail”? – Retruquei fazendo cara feia.

- Huuummmm... – A “múmia” se meteu na nossa conversa – Não quero atrapalhar, mas eu preciso voltar. Tenho outros clientes para atender! E aí, o que vocês vão fazer? Vão ficar por aqui mesmo?
 
- Não, não! – Tratei de falar logo – É o seguinte: Situações desesperadoras pedem medidas desesperadas! Ô mú... quer dizer, ô seu motorista, nos leve até a torre de controle. Eu vou providenciar um piloto para nós!

O taxista voltou a ligar os motores e nos conduziu até o local que eu havia pedido. Eu sabia que na Torre de Controle, além dos controladores de voo que cuidavam de todos os pousos e decolagens, também ficava o escritório que cuidava dos voos particulares, manutenção dos hangares e contratação de pilotos. Eu só torcia para que o expediente do escritório se estendesse até a noite.

Entrei no prédio e já fui seguindo direto para a sala onde ficavam os profissionais que poderiam me ajudar. Eu andava determinada, sem nem olhar para os lados. Atrás de mim a Malú, a Divinha, e até a “múmia” me acompanhavam, muito curiosos para saber o que eu ia aprontar.

- Boa noite! É o seguinte: Eu agendei um voo saindo daqui de Londrina para esta noite. Só que adivinhem só? Cheguei quase agora no aeroporto e o meu jatinho não está pronto para decolagem! Como isso é possível? – Menti na cara de pau enquanto me apoiava na mesa de umas das atendentes, curvando o meu corpo de uma maneira ameaçadora. Do outro lado, a moça morena de cabelos lisos me encarava com uma expressão totalmente surpresa e assustada. Se a ideia era fazer uma entrada triunfal, eu havia alcançado o meu objetivo com sucesso.

- Anita Tunice? – Ela pronunciou o meu nome como se não acreditasse que eu estava parada na sua frente. Ao lado dela, uma outra atendente morena, também me olhava com ar de espanto.

Olhei ao redor. A sala era igual a de um escritório convencional. Assim que entravamos nos deparávamos um balcão cinza com espaço para três atendentes. No espaço atrás delas havia algumas mesas, arquivos, telefones e computadores além de portas que deviam dar acesso ao escritório dos diretores. Uma das lâmpadas fluorescentes piscava, ameaçando parar de funcionar, o que dava um ar meio sinistro ao ambiente. O local estava vazio, apenas as duas jovens pareciam estar por ali. Certamente todos os outros funcionários já haviam encerrado o expediente.

- Eu mesma! – Deu um sorriso amarela para ela – Aliás, eu mesma, mas sem voo! E aí, eu vou ou não conseguir decolar hoje? – Voltei a insistir. Atrás de mim os meus companheiros se seguravam para não rir da minha cara de pau.

- Mas Anita, a Rafa sempre liga avisando com antecedência para avisar quando você vai usar o seu jatinho – A Morena número 1 me respondeu constrangida.
 
- E eu estou checando aqui no nosso sistema... – A Morena número Dois disse enquanto mexia no seu computador – E não estou encontrando nada! Não tem nenhum voo agendado para você hoje.

- Olha aqui, minhas queridas... – Engrossei a voz – Eu preciso estar em São Paulo ainda esta noite. É o caso de vida ou morte. Pior, é um caso e desejo de grávida! – Improvisei de última hora colocando uma das mãos na minha barriga para tornar a coisa mais real – Vocês não vão querer que o meu filho querido, o herdeiro do casal Luanita, nasça com cara de avião, né?

- Não Anita, mágina... Não é nada disso! – As duas começaram a se justificar juntas.

- Então por favor, meninas! Se eu não levantar voo hoje eu nem sei o que vai acontecer comigo, ou pior, com a criança... – Continuei fazendo drama, usando o meu talento como atriz para deixar os meus olhos cheios de lágrima.

- Fica tranquila, Anita. Vamos providenciar tudo para você – A Morena número Dois me informou, decida. Sem falar mais nada, as duas começaram a trabalhar freneticamente. Elas faziam ligações, mexiam nos computadores, chamavam pessoas pelo rádio... Eu havia desencadeado uma verdadeira operação!

Poucos minutos depois, tudo já estava arrumado. As meninas deram um jeito de arrumar um piloto e uma equipe do aeroporto já estava trabalhando para deixar o Black Jack pronto para a decolagem.

Agradeci as meninas, tirei foto e dei autógrafos para as duas que revelaram ser minhas fãs e voltamos para o carro. A mesma música romântica e triste começou a tocar. Fala sério, será que a “múmia” tinha ativado a função “repetição automática”?

- Pronto, meninas! Estão entregues! – O motorista nos avisou ao parar novamente em frente ao hangar do meu jatinho, agora já movimentado – Agora vocês vão me liberar, né?

- Nossa, quem vê pensa que nós somos péssimas passageiras, né? Olha aqui, a gente pagou pela corrida! – A Malú protestou.

- Na verdade, vocês ficaram me devendo R$ 0,50 centavos. Isso porque eu não liguei o taxímetro para levá-las até a torre de comando e trazê-las de volta para cá – O motorista jogou na nossa cara que estávamos “pobres”.

- Tá bom Malú, não adianta discutir! Vamos liberar essa “mú...”, digo, esse digníssimo senhor e esperar até o Black Jack estar pronto para levantar voo – Achei melhor encerrar a conversa antes que o taxista resolvesse ligar o taxímetro novamente e passasse a nos cobrar por hora.

Descemos do carro, descarregamos as nossas malas e logo que se viu livre de nós, o motorista arrancou com o seu carro nos deixando sozinhas.

Sentei sobre a minha a minha mala e apoiei a cabeça nas mãos, de repente me sentindo muito triste e abatida. Fazia frio e eu estava sem blusa, o que só aumentou ainda mais a sensação de solidão que estava sentindo.

Minha companheira de fuga e a minha mascote resolveram fazer o mesmo que eu. Com certeza, quem olhava de longe, pensava que nós éramos um bando de loucas perdidas ali no aeroporto. A nossa situação não poderia ser mais deplorável. Minha sorte é que não havia paparazzi’s por ali.

- Ahhh não, chegaaaa desse baixo astral! – A Malú se rebelou depois de um tempo – “Vamô” Anita, bora animar isso aqui...

- Animar como? Eu briguei com a minha melhor amiga e com o meu marido, deixei a minha casa, usei o meu filho para conseguir um piloto para nos levar até São Paulo e agora estou aqui, largada em frente a esse hangar parecendo uma maluca abandonada... – Me lamentei, completamente sem ânimo.

- É... A sua situação é péssima mesmo! – A Malú concordou.

- Poxa, valeu hein? Você realmente sabe como colocar uma pessoa para cima... – Comentei, irônica.

- Ahhh, mas você não pode deixar se abalar por isso! Anita, você precisa ser forte! Agora mais do que nunca... Pelo seu filho, por você! – Ela veio até mim e me ofereceu a sua mão para que eu me levantasse. Atendi o seu pedido e ficamos frente a frente – Ó, bora animar isso aqui! Eu adoro essa música! É uma das minhas inspirações... Escuta só... – A fotografa me falou enquanto mexia no seu celular em busca da tal canção.

*** Link para música - http://www.youtube.com/watch?v=_-bnorYYBHk ***

- Vem Any, vem dançar comigo! – A Malú me chamou enquanto começava a balançar o corpo no ritmo da música. Ela jogava os cabelos, fazia caras e bocas e rebolava como se fosse a Beyoncé.  Divinha, ao ver a cena, começou a pular e a latir atrás dela, o que dificultava o “grande número de dança” da minha companheira, mas nem assim ela se abalou.

Diante de tal cena, eu não tive opção senão voltar a sentar na minha mala e rir até a minha barriga doer e me faltar o ar. Se a Malú queria me distrair, ela tinha conseguido!

- Vou cantar essa música para o André! Isso é tudo o quê ele precisa escutar – A “Beyonce” resolveu soltar a voz e extravasar toda a mágoa que estava sentindo do namorado.

“Amor! Amor!
Se pensa que é assim
Que é só chamar que eu vou
O que você quiser
É só pedir, que eu dou
E que eu não resisto
Ao teu poder de sedução
Amor! Amor!
Se toca de uma vez
E tenta entender
Debaixo dessa roupa
Vive uma mulher
E dentro deste corpo
Bate forte um coração
Comigo não!”


- Poder de sedução do André? Fala sério, né? – Comentei quase rolando no chão de tanto rir.

- “Poderosa, atrevida, ninguém se mete mais na minha vida...” – Ela continuou cantando me ignorando completamente. Vi a Malú virar de costa, rebolando de uma maneira que ela acreditava ser sexy, se preparando para o “gran finale” de sua performance. A Divinha continuava latindo e pulando de um lado para outro, pelo jeito também muito empolgada pelo ritmo contagiante da música.

 – “Se tô dançando, tô te tocando, não significa que eu estou me apaixonando...” – Ela voltou a se virar na minha direção, jogando o cabelo, puxando o decote da sua blusa um pouco para baixo, fazendo cara de “sou irresistível” e acabou dando de cara com um senhor alto, forte e muito charmoso vestido de piloto.

- Ééééé, boa noite... Sou o comandante Carlos Eduardo Conte, fui chamado para pilotar o jatinho da senhora Anita Tunice até São Paulo – O homem, com cara e topete de Roberto Justus, nos avisou tentando disfarçar a sua cara de espanto por dar de cara com a Malú naquelas condições. A fotografa, por sua vez, baixou a cabeça e caminhou até o meu lado vermelha de tanta vergonha.

Meu queixo foi lá no chão. Não era todo dia que se conseguia um piloto às pressas e ainda por cima com “plus” de galã de aeroporto.

- Haaaan, sou eu, senhor Carlos Eduardo – Levantei e estendi a mão para cumprimentá-lo – Prazer, Anita Tunice Santana – Não resisti e acabei usando o meu nome de casada, mesmo estando brava com o Luan – O meu avião, o Black Jack, já deve estar quase pronto para decolarmos.

- Perfeito! Vou até lá para verificar todas as condições. Posso autorizar o embarque das bagagens, senhoras? – O piloto-galã nos perguntou ajeitando o seu quepe que lhe caía muito bem, por sinal.

- Claro! Seria ótimo! – Assenti. Atrás de mim a Malú permanecia imóvel, completamente “petrificada” de vergonha.

- O cão – Ele apontou para a Divinha – Está devidamente vacinado?

- Está! E lá dentro tem a caixa apropriada para que ela viajar. Pode ficar tranquilo! – Expliquei.

- Ótimo! Então vou embarcar para dar início a decolagem. Vou pedir para o pessoal subir as bagagens também. Fiquem prontas, já, já levantamos voo, senhoras! – O Carlos Eduardo sorriu antes de se virar e seguir para o interior do Black Jack.

- Anita, que vergonha! O piloto é “mó” coroa filé! Não acredito que ele me flagrou dançando daquele jeito! Ahhh, vou morrer! Que mico! – A Malú falava inconformada com o “flagra” que o piloto deu nela.

- Ué, cadê a poderosa e atrevida? Vai lá, Malú! Chega nele e fala: Cadú, me chama de avião que eu te levo para o céu! – Zuei com a cara dela. Eu estava me divertindo muito com aquela situação.

- Ahhh Anita, eu te odeio! Te odeio! – Ela repetiu antes de sair batendo o pé em direção ao jatinho, me deixando passando mal de rir perto da nossa bagagem.

***

Coisa de uma hora e meia depois, nós estávamos pousando no Aeroporto Internacional de São Paulo.  O voo, por parte do nosso comandante, foi tranquilo. O piloto com topete de Roberto Justus era muito profissional e do tipo que impressionava pela eficiência. Através do sistema de som do Black Jack ele nos cumprimentou e nos manteve informada de todas as informações sobre o voo.

Sentada ao meu lado, a Malú abriu o seu laptop e passou a trabalhar na parte teórica do seu projeto de fotografia. Segundo ela, assim que chegasse em São Paulo ela começaria a colocá-lo em prática.

Já de minha parte, a viagem foi péssima. Já era normal eu enjoar quando voava. A Rafa acreditava na teoria que eu tinha medo de voar e que o meu enjoo era psicológico. Eu até acreditava naquela hipótese, mas preferia não arriscar. Por isso eu sempre tomava um remédio para evitar enjoos antes de embarcar e ficava tudo certo! Mas, é claro, que esse “santo remédio” ficava guardado com a Rafa e que eu não tinha lembrado de pegá-lo quando deixei a Toca. Agora, talvez por conta da gravidez, o meu mal-estar estava dobrado. Passei a viagem toda no banheiro colocando até a minha alma para fora. Do lado de fora, presa na sua caixa especial de viagem, a Divinha uivava sem parar. Acho que ela também tinha medo de voar, assim como a dona...

Quando finalmente chegamos em terra firme, eu estava mais branca que um fantasma e acabada.

- Boa noite, meninas! Foi um prazer pilotar para vocês! Espero que tenham feito uma boa viagem! – O Carlos Eduardo nos esperava sorrindo na porta do meu jatinho enquanto nós esperávamos para desembarcar.

- Infelizmente, eu não fiz uma viagem tão boa assim... Mas o senhor foi ótimo! Por favor, deixe o seu cartão comigo, posso chamá-lo mais vezes! – Pedi, já “mais pra lá do que pra cá”.

Guardei os contatos do piloto e me despedi dele, louca para chegar em casa. A Malú já me esperava na pista de pouso. A fotografa, assim que as portas do Black Jack foram abertas, desceu correndo para não ter que encarar o piloto cara a cara novamente. Só de lembrar do flagra que ele deu nela eu já começava a rir sem parar.

Vencido o desafio de chegar a São Paulo, o segundo obstáculo foi providenciar um táxi que aceitasse cartão de crédito. Andamos, andamos e andamos pelo aeroporto parando todos os taxistas que víamos pelo caminho. Graças aos céus, encontramos uma boa alma que aceitou nos levar. Foi a nossa sorte, porque a minha bagagem já estava começando a pesar e a Divinha ameaçava encher de baba todo mundo que passava perto de nós.

Passei o endereço para o motorista que, ao contrário do primeiro, dirigia como se estivesse participando do filme “Velozes e Furiosos”. Mas, eu já estava tão exausta, que nem me importei. Apenas fechei os olhos e tentei descansar um pouco. Quando voltei a abri-los, já estávamos em frente ao prédio onde eu já havia morado com meu irmão e a Rafa.

- Lar, doce lar – Resmunguei sem ânimo depois que dispensei o carro.

Chamei o porteiro para nos ajudar com a bagagem, o que foi uma péssima ideia. Ele era novo na função e, quando me reconheceu, teve um verdadeiro chilique. O jovem, que tinha cabelos loiros, olhos verdes, muitas sardas no rosto e era um pouco gordinho, precisou de uns 10 minutos para se acostumar com a ideia de que eu era proprietária de um dos apartamentos daquele prédio. Segundo o Jhonny, como o porteiro se apresentou quando conseguiu se acalmar, ele era muito meu fã.

- Diva, pelo amor de Deus, tira uma foto comigo! Eu adoro aquele seu filme “A Granfina e o Caipira”! Por favor, me diz que vai ter a parte 3! – O Jhonny falava completamente eufórico.

- Hããã... Eu ainda não sei, o pessoal do estúdio não me disse nada! – Disfarcei enquanto posava para a foto ao lado dele. Com o Murilo voltando a se “rebelar”, eu achava difícil sair uma continuação do longa.

- Anita, por favor, um autografo! Preciso ter algo para guardar desse momento histórico! – Ele praticamente me implorou me estendo um pedaço de papel.

- Olha Jhonny, eu faço o que você quiser, mas antes... Homem do céu, eu preciso ir no banheiro! – Desabafei, mal me aguentando de tanta vontade – Você sabe, né? Grávida vai no banheiro toda hora!

- Mas é claro, Diva! Tudo o que você quiser! É por ali, ó... É só entrar nesse corredor e seguir até o final – O porteiro me mostrou o caminho, todo solícito – Ahhh, nem acredito que a minha “ídola” vai usar o meu banheiro! - Ele comemorou mexendo as mãos de uma forma engraçada, completamente histérico.

Praticamente corri até o banheiro seguindo por um corredor que começava no saguão e terminava na entrada do que eu acreditava ser o banheiro dos funcionários. Uns cinco minutos depois, voltei para o saguão do prédio, bem mais aliviada. - Pronto! Já estou de volta! – Avisei.

- Ahhhh, agora vai ser perfeito! Tenho dois “divos” morando no prédio onde trabalho! Eu vou bombar no Instagram! Vem, junta os dois aqui do meu lado! – Assim que me viu, o Jhonny já foi me puxando pelo braço e me jogando ao lado de um homem alto, forte, de cabelos enrolados e cavanhaque que devia ter chegado por ali durante a minha ausência. Ele tinha uma boa aparência (muito boa por sinal), e era muito cheiroso. De onde eu conhecia aquele cara?

- Anita Tunice? Você não é amiga do Neymar? – Ele me perguntou parecendo surpreso ao me ver.

- Sou. E você é...?

- Alexandre Pato. O Neymar sempre falava de você quando estávamos jogando na seleção juntos – Ele me respondeu me dando um beijo no rosto.

- Ahhh, bem que eu vi que te conhecia de algum lugar! – Comentei. Agora eu lembrava. Sempre que o Neymar falava do Pato eu dizia “Quac!” e ficava me perguntando o que levava uma pessoa a ter um sobrenome daquele...

- O Neymar nunca me disse que você era tão linda! – Ouvi o Alexandre me dizer ainda sorrindo para mim.

Ok, para um Pato ele tinha até que um jeito bem charmoso...

- Parem de papo e se ajeitem para a foto! Quero mostrar para todo mundo o quanto os meus ídolos são lindos! – O Jhonny chamou a nossa atenção.

Tiete ele? Imagina!

Fizemos pose e a Malú bateu a foto para o porteiro.

– Agora eu! – Ela pediu logo na sequência, já entregando o seu próprio celular para o meu fã. Fizemos uma nova pose, agora ao lado da Maria Luiza.

- Gente, vocês vão me perdoar, mas eu preciso subir e descansar. O dia foi muito longo para mim... – Tentei encerrar aquela “festinha” no saguão.

- Pois é, eu também preciso subir. Tenho treino cedo amanhã – O Pato aproveitou a minha “deixa”.

Falamos tchau para o Jhonny (que fez questão de tirar uma foto ao lado da Divinha antes de nos deixar subir), pegamos as nossas bagagens e entramos no elevador.

- Tchau nova vizinha! – O Pato piscou para mim - Espero vê-las mais vezes, meninas – Ele se despediu quando chegamos ao seu andar.

- Aiiii, como ele é lindo! Sempre fui fã por esse cara, desde a época que ele jogava no Internacional! – A Malú se derreteu toda depois que o jogador nos deixou sozinhas.

- Ele jogou no Internacional? – Dessa eu não sabia.

- Ai Anita, às vezes você me decepciona! – Ela balançou a cabeça em sinal de desaprovação.

Achei melhor não discutir. Seguimos em silêncio até chegarmos à cobertura, onde ficava o meu apartamento.

- Enfim, paz! – Falei, abrindo a porta, pronta para me jogar no sofá e relaxar um pouco. Tanta coisa já havia acontecido que até a Divinha já estava cansada.

- Aniiiiitaaaaa?

- Caio? Mãeeeee? – Será que não ia parar de aparecer surpresas naquele dia?

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Notas finais: E aí, como a Any se saiu nesse primeiro cap? A Equipe das Poderosas se deu bem, né? Dar de cara com o Pato! Também quero!

Curiosas para saber como a "Equipe dos Entocados" está se saindo? No próximo capítulo a gente descobre!

Beijo grande, fiquem com Deus!

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4 comentários:

  1. Ahhhhhhhh nao creio, tadinha da Any, mal chegou pra descança e ja teve surpresa. Kkkkkkk tadinha... Massim estou morrendo de curiosidade de sabe como estao os "abandonados" e a Any arrasou no Drama. Kkkkkkk Malu se deu mal com o flagra. Kkkkkkkkk... e esse Pato cara, to vendo que essas fotos vão da "blebleude" como dia minha sobrinha se referindo a algo que vai da errado. Kkkkkkkk ja quero mais capitulo. Kkkkkkk Arrasou no capitulo mais uma vez Vidinha, cê sempre arrasa.. Bejos da sua Fiel Leitora e Amiga Dani noronha.

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    1. Any não tem descanso! Quando pensa que a situação está melhorando, aparecem ainda mais surpresas! A vida não tá fácil para a nossa Gata Garota!

      Ahhh, no próximo capítulo nós vamos descobrir o quê tá rolando na Toca. Só sei que a coisa por lá também não tá muito boa não, viu?

      Any realmente arrasou no drama, Malú pagou um "micasso" com o piloto e o Pato... Hum, certeza que essa foto vai dar "blebleude" (kkkkk! Adorei essa expressão! Sua sobrinha arrasa!)

      Guenta, que antes do terceiro cap tem o VDL da Thay!

      Obrigada Daaaani! A gente vai se falando, agora com o chip TIM! Vivaaa!

      Beijo, fica com Deus!

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  2. Que dia em...pra Equipe das Poderosas! Mais ate que acabou bem né encontraram o Pato! Isso nao acontece todo dia kkk to loka pra ver com o Luan ta emocionalmente sem a Anita! ôô dó do nosso Nego-Divo! kkkkkke como a Anita vai ficar sem o Luan durante 6 meses kkkkkk genty do céukkkk #PartiuContinuacao

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    1. Equipe das Poderosas não começou muito bem. Tudo dando errado para elas, coitadas. Só o Pato salvou no final do cap. E realmente, isso não é algo que acontece todos os dias.

      Luan deve estar na sofrência sem a Ní, certeza! E Anita sem Luan vai se enrolar mais do que já é enrolada. Vai dar confusão isso aí...

      Mille do céu, acho que esse era o último comentário que faltava responder! Vivaaaaa! Encerrando a maratona por aqui e esperando novos coments em INC! #ManuPidona hahahahaha

      Obrigada pelo carinho, viu? Beijo no coração e fica com Deus.

      #MaratonaDeComentários

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!