quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Transcrição nº 10 – Se perder é o caminho

Notas da Estagiária: Assim como a Raquel, eu precisava tomar uma decisão. A bomba tinha estourado e, como sabia de tudo, era hora de determinar de qual lado eu ficaria.

Fiz o que achei que seria melhor para ela...

Quanto ao seu recado da transcrição anterior, podemos resolver isso de um jeito muito prático: eu posso parar de enviar os documentos, é só você e as suas leitoras pedirem.

E aí? O que vai ser?
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Transcrição da página 31 à 34

[“Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você” – Quase sem querer, Legião Urbana]

Abro os olhos devagar. 

Luzes brancas no teto.

Cheiro de álcool e remédio.

Agulha no meu braço.

Estou tonta. A cabeça dói.

Amor está ao meu lado. Furioso.

Tenho medo de perguntar o motivo.  Mas não há para onde correr. Preciso descobrir até que ponto ele sabe do meu “pequeno-grande” deslize. 

Sendo assim, finjo que não lembro muito bem o que aconteceu e peço para que me conte.

“Quase no fim da audiência a Estagiária te deu um remédio para dor de cabeça. Como você estava concentrada no desenrolar do processo, não prestou atenção e acabou tomando uma medicação da qual você é alérgica. Sua assistente me disse que não sabia nada a respeito da sua restrições a algumas substâncias.

A audiência foi suspensa e remarcada. Estávamos à beira da vitória e agora... voltamos para a estaca zero”.

Ok, vamos aos fatos:

- eu realmente sou alérgica a certos medicamentos;

- a Garotinha realmente não sabia nada sobre isso;

- porém, não foi um acidente. Eu tomei o remédio sabendo que ele causaria uma reação alérgica;

- por que tomei o remédio mesmo sabendo que me faria mal? Porque precisava de tempo. E o único jeito de ganhar tempo era dando um jeito de interromper a audiência. E a única forma de interromper a audiência era causando uma emergência. Portanto, eis a razão de tomar o comprimido;

- o lado bom: pelo jeito, ninguém percebeu que causei toda a confusão de propósito;

- o lado ruim: eu havia conseguido o tempo que tanto almejava. Mas agora não sabia o que fazer com ele;

***

Fiquei sozinha no quarto. Amor foi buscar roupas, comida e o laptop para trabalhar enquanto me fazia companhia. 

Isso significava uma coisa: a gente até poderia sair do escritório, mas o escritório não saía da gente.

Legal. Muito legal...

Meu estado era estável. Só precisava ficar em observação enquanto limpavam o meu organismo das substâncias que me causavam mal.

Irônico, não? Meu corpo passava por um estado de purificação enquanto eu tentava encontrar uma forma de limpar minha mente para encontrar a solução. A vida era mesmo cheia dessas coincidências estranhas...

A diferença é que meu corpo estava de repouso enquanto minha mente percorria mil quilômetros em um único segundo. Eu precisava aproveitar a trégua que o tempo me dera. Precisava decidir.

***

A porta se abriu. Achei que era a enfermeira com mais um antialérgico, mas ouvi um doce chamado me trazendo de volta para o momento presente. 

Era ele.

Contrariando todas as possibilidades, ele estava ali.

“Não tenho muito tempo, mas queria saber como você estava. A sua assistente me ajudou a entrar sem chamar atenção. Ela está vigiando e vai me ligar se o seu noivo voltar”.

A palavra noivo desencadeou um súbito entendimento: eu queria explicações. Mas antes, eu mesma precisava esclarecer algumas questões.

A sensação de que seus olhos eram espelhos refletindo meus sentimentos me ajudou. Ofereci, da minha parte, todas as respostas para as perguntas que eu mesma gostaria de saber.

“Sim, eu tenho um noivo. Quando a gente se conheceu éramos apenas namorados, mas recentemente eu aceitei o pedido de casamento”;

- “Propositalmente eu causei esse mal-estar porque não queria que você fosse condenado no processo. Eu acredito na sua inocência. Não sei  porquê, mas acredito”;

“Eu vi você e sua namorada na capa de uma revista. Sei que não posso te cobrar fidelidade, mas... doeu. E foi por isso que eu não atendi nenhuma das suas ligações. Se é que, de fato, eram suas...”

Em troca, recebi a resposta pelas quais tanto ansiei:

“Eu realmente tinha uma namorada. Mas acredito que temos que manter ao nosso lado as pessoas responsáveis por fazer o nosso coração bater mais forte. E essa pessoa, infelizmente, não era mais ela. 

 Por isso terminei nosso namoro e estou tentando falar com você desde então”;

Wooow! Quando dei sinceridade, não esperava tanta transparência de volta.

Aquelas palavras mexeram comigo. Muito.

Era como entrar em uma piscina gelada em um dia extremamente quente. O alívio e a alegria eram imediatos.

“Realmente sou inocente no processo. Não entendo dessas coisas, mas meu advogado tinha uma prova incontestável que nos daria a vitória. Mas aí você desmaiou e... agora estamos aqui”.

“Não sei como a gente vai sair dessa enrascada que a gente se meteu, mas se você topar, podemos fazer isso juntos”.

Foi como desfazer um nó. Como descobrir o caminho quando se está perdida. Como acender a luz de um quarto escuro.

Meus instintos não estavam errados. O único crime pelo qual ambos éramos culpados era o de não resistir àquela força que nos atraía um para o outro. Mas como poderíamos, se era uma como uma onda que passava e arrastava a tudo e a todos?

E foi assim que encontrei a solução. 

A resposta não era ficar, ter, permanecer, temer.

O caminho era perder-se.

Então, com um simples gesto de cabeça, eu, meu coração e todo o meu ser concordamos com ele. 

Não importava como iriamos fazer para sair daquele labirinto, eu topava encarar o desafio ao lado dele.
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Notas da Manu: Aaaai gente, sou a única que fiquei suspirando aqui?

Agora dá para entender porque a Raquel está endoidando por causa desse menino. Ele é realmente um fofo! 

Olha, no lugar dela eu iria fácil, fácil, também. E vocês?

E pelo jeito a estagiária “tá” toda trabalhada no ressentimento. Calma querida, calma! 

Não precisa estressar. Estamos adorando o diário da Raquel, não é meninas? Tenho certeza que podemos entrar em um acordo de paz. O que acha?

Beijo gurias!

Até a próxima!


***Leia a próxima transcrição:Página 35 à 39: Enfim, vida

2 comentários:

  1. Meu Deus que menino fofo!!
    Estou adorando o diário da Raquel!!
    Paz e amor Estagiária!! Paz e amor!!!

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    Respostas
    1. Muito fofinho, né Sofi? Todo lindo perguntando se a Raquel topa ficar com ele. Mas estou curiosa para saber como eles vão sair dessa confusão. Porque tem o empresário, tem o Amor, tem a família da Raquel, vixi... tem muita coisa envolvida aí nesse processo.

      O diário está bom demais, né? E é isso aí: paz e amor com a estagiária porque quero saber como essa história vai acabar. Curiosidade não cabe dentro de mim!

      Beijão Sofi!

      Fica com Deus!

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
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