segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Capítulo 19 – O jogo da vida

Notas iniciais: Juro que não queria me atrasar com a postagem, mas “tá” tenso aqui gente. Minha vovó ficou doentinha e precisei viajar para visitá-la. Além disso, a casa está reformando e vocês não imaginam a bagunça que está o meu quarto. Mas, apesar dos pesares, consegui terminar o cap. E ó, já aviso que tem babado! Espero que gostem!
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- Maquiagem: ok; regata por baixo da camiseta do uniforme: ok; dinheiro para o ônibus: ok; lanche da dieta: na mochila. Beleza, tudo certo – repeti em voz alta para mim mesma.

Acordei mais cedo naquele dia para sair antes do horário habitual. Assim que me troquei, desci para tomar café e já pegar as minhas “marmitas lights”. Acabei levando bronca da Maria, porque não havia deixado os potes do dia anterior na cozinha. Quando voltei com os “esquecidos” em mãos, outra bronca: “você não comeu o seu lanche. Dessa vez sua mãe vai brigar com você e acaba brigando comigo também, né?”.

Nota mental: comer as tais frutas cortadas e jamais esquecer de deixar os potes na pia para lavar. Eu já tinha dona Beatriz para pegar no meu pé, não precisava da Maria assumindo esse papel também.

Pedi desculpas pelo “descuido” e terminei meu café rindo sozinha. Se ela soubesse como meu dia anterior fora “diferente”, não ficaria se preocupando com potes e frutas...

Deixei meu copo e prato na pia e subi correndo para terminar de arrumar minhas coisas. Fiz a maquiagem que a Laís me ensinara no dia anterior, passei perfume e pronto. Saí de casa quinze minutos mais cedo para não correr o risco de encontrar o Alê no caminho. Como ele estava preocupado com a minha ausência na escola, usei a desculpa da Dengue para justificar as faltas daquela semana. Ele até se ofereceu para me visitar em casa, mas disse que era melhor não porque não conseguia parar de vomitar.

Uma “vozinha” chata insistia em surgir na minha cabeça para me lembrar que aquelas mentiras não durariam para sempre. Mas tão rápido elas surgiam, eu já as mandava embora. Era uma comparação boba para se fazer, mas eu me sentia como a Caroline de “The Vampire Diaries” quando desligou a humanidade. A vida regrada e perfeita que eu levava não importava mais.

Dessa vez, peguei o ônibus em um ponto mais perto do condomínio. Não queria correr o risco de ser vista por algum aluno do colégio, por isso fiquei por ali mesmo. Com sorte, os funcionários estariam muito ocupados com o movimento da manhã que nem me veriam.

 Agora era torcer para que o ônibus passasse logo.

“Bom dia! Vai mesmo para o retiro hoje ou vai dar pra trás”?

Uma mensagem brilhou na tela do meu iPhone. Era o Caio. Revirei os olhos assim que li a frase. Caio e sua incrível petulância...

“Não te falei ontem que ia? Já até estou a caminho”.

“Sabia que você ia gostar. Vem comigo que você brilha, Gabi”.

“Você se acha a última Coca Cola do deserto, né garoto? Fala sério!”, respondi.

“Mas admite: sem mim você ainda estaria perdida na praça sem saber para onde ir”, ele retrucou mandando vários emojis com óculos de sol.

“O ônibus está chegando. Daqui a pouco a gente se fala”, desconversei só para não dar o braço a torcer. Além disso, o ônibus realmente havia chegado e estava lotado. Ou eu me segurava ou digitava... Os dois juntos não ia rolar.

***
“Qual é a senha?”, ouvi a voz do Léo perguntar através do interfone.

- Já chegou o disco voador – disse, me lembrando da resposta do Caio.

“Senha correta, entrada autorizada. Seja bem-vinda ao retiro especial de começo de ano. É uma honra recebê-la, Julieta”.

- Para de bobeira, Léo – respondi, rindo alto.

“Sinto muito, senhorita. Mas isso é genético e o médico pediu para não contrariar”, desligou, rindo.

- Bom dia! – sorri assim que o encontrei sentado no mesmo sofá da manhã anterior – Sou a primeira a chegar?

- Não, Caio está lá em cima procurando o baralho.

- Opaa, já estou de volta! E hoje quero ver quem vai ganhar de mim no truco...

- Só falar na coisa ruim que ele aparece – comentei – E eu já ganhei várias vezes de você no Truco. Não será difícil vencer de novo...

- Uoouu! Julieta mas é uma loba em pele de cordeiro – Léo fez cara de surpreso – Meus parabéns, Gabi. Adoro gente que sabe colocar o Caio em seu devido lugar. Porque o Rei do Camarote aqui adora se achar o “bam-bam-bam”- veio até mim e estendeu a mão para me cumprimentar.

- Rei do camarote? – repeti.

- Como o Caio tem mania de ostentar tudo o que tem e ficar se achando, comecei a chamá-lo com esse apelido carinhoso – deu um sorriso amarelo diante da cara de enfezado do amigo.

- Nossa, é perfeito! Combina muito!

- É, você está aí “botando banca”, mas só ganha no Truco quando está com o Alê. Quero ver hoje que não tem o seu parceiro – Caio me desafiou, ainda com a expressão contrariada.

Quis falar que também ganhei dele quando fiz dupla com o Edu, mas achei melhor não tocar naquele assunto. Só de lembrar meu coração já pesava no peito, me puxando para baixo como uma âncora - Bom, hoje você vai vencer por W.O. Não estou afim de jogar.

- Mas não vai mesmo, mocinha. Tenho outros planos para você...

- Que planos? – eu e o Caio perguntamos juntos.

- É o seguinte – o “cabeludo” disse em tom sério – Enquanto os dois ficavam de “papinho” lá em cima ontem, eu passava o maior apuro aqui em baixo. A Laís está pegando pesado, gente. Desse jeito não dá, pessoal! Não há quem resista quando a tentação usa um decote tão generoso...

- “Tá”, e o que eu tenho a ver com isso? Já disse minha opinião: se fosse eu, aproveitava que ela está fácil, fácil, e não perdia tempo... – Caio opinou me fazendo revirar os olhos.

- Sorte a minha que eu não sou você, né? – o outro ironizou – Mas ao contrário do que pensa, o senhor tem muito a ver com isso. Isso porque hoje, a vossa realeza aqui – fez um gesto exagerado como se estivesse saudando um rei de verdade – vai deixar a sua acompanhante comigo – apontou para mim - Com a Gabi por perto a Laís vai ter que ir mais devagar...

- Isso se ela não resolver me tirar da frente usando a força, né? – brinquei.

- Nossa, e você não pode simplesmente falar que não quer? – o Caio estava ainda mais bravo.

- Querido, eu já falei que tenho uma namorada. Agora o que eu posso fazer se mamãe passou açúcar em mim e me deixou assim, irresistível? – se gabou.

O ex da Carol estava prestes a retrucar quando o interfone voltou a tocar – Opa! Deve ser a “fera”. Todos aos seus lugares. E tenham cuidado! Os ataques da Laís podem ser letais...

Após o “ritual” da senha, Laís e Gustavo entraram na sala. A garota estava ainda mais bonita, se é que isso era possível. Usava uma regata justa como a minha, mas tinha um quimono bem estiloso por cima e seu cabelo estava todo jogado para o lado, fazendo a linha “acordei linda assim hoje”. Agora eu entendia o Léo: devia ser realmente difícil resistir aquela tentação.

- Opa! Sou a primeiro jogar a hoje – Gustavo correu para a frente da TV e segurou o controle do videogame como se fosse algo precioso.

- Ahh não! Vocês não ficar só jogando hoje, né? Vamos fazer algo diferente – a “tentação” fez “biquinho – E se a gente brincasse de Verdade ou Consequência? – propôs fazendo cara de criança que estava aprontando.

- Eu topo! – Caio foi o primeiro a se manifestar, um sorriso travesso no rosto. Não era difícil perceber que ele e a Laís tinham segundas, terceiras e até quartas intenções...

- Estou dentro também! Mas continuo sendo o primeiro a jogar depois – Gustavo disse.

Lancei um olhar para o Léo. O garoto parecia pensar quais seriam as tais “consequências” de entrar naquele jogo.

- Assim... e se a gente jogasse algo mais...”sussa”? Sem verdades, consequências e esses paranauês todos... – ele propôs com a voz um pouco vacilante.

- Jogo de tabuleiro! Sabe, aqueles de quando a gente era criança? São ótimos para essas coisas – a ideia surgiu de repente na minha cabeça.

- Grande ideia, garota! E eu até sei onde tem um – Léo pegou meu braço e saiu me puxando pela casa, passando pela cozinha e área de serviço até parar em um quartinho pequeno, com prateleiras cheias de toda sorte de bugigangas cobertas de poeira.

- Esse é o nosso quarto da bagunça – o rapaz disse depois que entramos.

- Jura? Poxa, se não tivesse me contado... – fingi estar espantada.

- Está terrível hoje, hein?

Apenas levantei a sobrancelha, como se perguntasse “Eu?”.

- Mas eu gosto assim... – deu um sorriso rápido antes de começar a olhar ao redor – Ok, estamos procurando por um “Jogo da Vida”. Se você fosse minha mãe, onde colocaria?

- Não faço ideia, nem conheço sua mãe... – também passei a olhar ao redor tentando ter uma ideia de onde poderia estar. De itens de cozinha a cadeira de praia, o cômodo era um verdadeiro cemitério de itens sem uso.

- Mônica Barros, 42 anos, engenheira civil, virgiana, é perfeccionista e está à procura de um par que entenda seu estilo de vida e goste de crianças...

- Seu bobo! Eu não quero casar com a sua mãe – retruquei tentando parecer brava, mas sem conseguir segurar o riso.

- Nunca se sabe... – deu de ombros – Olha, tem uma caixa com brinquedos lá em cima. É possível que o jogo esteja lá dentro – apontou.

Na última prateleira, bem no alto, havia uma caixa velha de papelão onde era possível ver a cabeça de alguns bonecos para fora

 – Eram seus brinquedos? – questionei.

- Sim. O lado bom de ser filho único que você sempre consegue tudo o que quer...

- Ou você vira o único alvo para sua mãe pegar no pé - rebati pensando na minha situação.

- É, isso também... Mas como sou um filho exemplar não sofro com esse tipo de problema – me deu um sorriso amarelo – Tem uma escada em algum lugar por aqui... Só me deixa achar – deu um giro completo bem devagar procurando pelo objeto até ter a ideia de checar atrás da porta – Aqui, achei! Eu seguro e você sobe, beleza?

- Hum... Não pode ser o contrário? – perguntei como quem não quer nada. Na verdade, eu morria de medo de altura. Além do mais, se eu caísse, dona Beatriz me mataria...

- Qual é, Gabi? Não confia em mim? – o Léo me olhou como se estivesse ofendido.

Assim que ouvi a frase um flashback da festa do Gueto veio a minha cabeça: uma sereia, um pirata e a mesma pergunta: “Você confia em mim?”.

- Não – a resposta saiu antes que pudesse segurar – Desculpa, é que... – tentei me explicar ao perceber a sua cara de susto – é uma longa história...

- Sobre a vida de boneca que você comentou ontem? – concluiu, franzindo a testa.

- É, mais ou menos isso... – concordei, sem jeito.

- Ok, melhor evitar esse assunto. Então eu subo e você segura, combinado? – propôs em tom amigável.

- Combinadíssimo! – disse, já me posicionando no meu lugar. A escada era daquelas portáteis, com pequenos degraus emborrachados. Estiquei os braços para firmar bem a peça enquanto o Léo subia.

- Caramba, quem foi que encolheu a escada? – brincou ao estender um dos braços e não conseguir pegar a caixa.

- Acho que foi você que esqueceu de crescer – ri.

- Está afiada hoje, hein dona Gabriela? – olhou para mim do alto da escada.

- Sabe como é, né? Tudo na vida tem fim, menos a zoeira – abri um sorriso irônico.

- Não basta não confiar em mim, ainda zoa com a minha cara. E eu achando que você não passava de uma garota inocente – balançou a cabeça como se estivesse inconformado – Só espero que não roube na hora do jogo.

- Prometo jogar limpo – levantei a mão direita como se estivesse fazendo um juramento – Isso se você conseguir pegar o jogo, né?

- Relaxa, está fácil! É só dar uma esticadinha assiiiim...

Vi o Léo ficar na ponta dos pés e esticar todo o corpo para puxar a caixa para baixo. Mal tive tempo de pedir que ele tivesse cuidado quando senti um baque e fui parar no chão. Um barulho imenso indicou que caixa, escada e Léo haviam caído bem em cima de mim.

- Isso que eu chamo de pouco forçado – ouvi a voz do Léo bem próxima do meu ouvido. Assim que consegui me recuperar da pancada, percebi que ele estava com o corpo estirado sobre o meu, a escada sobre o seu corpo e a caixa abandonada não muito longe, os objetos espalhados pelo chão.

- Eu chamo de dar o troco em grande estilo. Poxa Léo, foi só uma “zuerinha” a toa. Não precisava “cair matando em cima de mim”, literalmente – não sei como, mas ainda consegui achar graça na situação.

- É como você disse... A zuera não tem limites. “Tá” valendo até cair da escada... – ele riu, uma risada gostosa de ouvir, do tipo que fazia bem a alma.

- E machucar minha mão! Você não tem noção do quanto está doendo... – reclamei, mexendo o braço.

- Nossa, será que machucou? – pegou minha mão e a examinou – Acho que foi só uma batida. Com um beijinho sara – deu um beijo estalado entre meus dedos e os segurou entre os seus, acariciando levemente – Tenho certeza que já, já passa – emendou, em tom suave.

A delicadeza do seu gesto me deixou paralisada. Embora a situação não fosse nem um pouco confortável, uma pequena parte de mim pedia desesperadamente para que eu não me mexesse, que prolongasse aquele momento o máximo possível.

Senti seus olhos azuis focarem nos meus. Pela sua expressão, ele também estava surpreso com aquela cena inusitada e sem nenhuma pressa de encerrá-la.

Seus dedos ainda passavam pelos meus, o peso do seu corpo me pressionava enquanto cada parte de mim reclamava: uma parte pela dor, outra por não entender porque ainda existia distância entre nós. Um arrepio percorreu as minhas costas e, de repente, uma vontade louca de passar as mãos pelos seus cabelos e abraçá-lo surgiu na minha mente.

Tentei esticar o braço, mas o mínimo movimento fez todo o encanto do momento se quebrar.

- Nossa, estou te machucando, né? – ele se levantou de jeito meio estabanado, batendo na caixa, depois na escada e fazendo muito barulho.

- Olha, acho que não sairei ilesa dessa. Pelo menos um roxo vai ficar – falei, me esforçando para sentar. Minha cabeça girava e eu não sabia se era por causa da queda ou do que acabara de acontecer.

- E a sua mão? – ele questionou, estendendo o braço para pegá-la, mas puxando logo em seguida, como se precisasse se segurar.

Voltei a encará-lo, dessa vez reparando que seus olhos tinham leve toque de cinza, como uma nuvem de chuva e um lindo céu de verão.

- Foi estranho o que aconteceu agora, né? – Léo disse depois de alguns segundos de silêncio.

- É, foi bem estranho... – balancei a cabeça, concordando.

- Acho que até poderia ter rolado algo... – ele mexeu no cabelo, bastante sem jeito.

Encarei o chão, sem coragem de admitir o que sentira.

- Mas é complicado... Você tem um rolo do passado, que eu não sei o que é, mas pela cara que você faz quando fala nesse assunto, deve ter sido algo sério – ele falava e mexia as mãos, como se quisesse organizar os próprios pensamentos – E eu tenho a Vanessa...

- Sua namorada? – questionei. Era a primeira vez que ela era citada como uma pessoa de verdade e não como um detalhe a ser considerado.

  - Isso, minha namorada – repetiu como se precisasse firmar a informação na sua cabeça.

  - Você deve gostar muito dela... – eu não queria me meter no relacionamento dele, mas a curiosidade acabou falando mais alto.

- É complicado... – seu olhar vagou pelo lugar como se estivesse procurando palavras para explicar a situação – Eu gosto da Van. A gente está junto desde o primeiro ano do ensino médio. Ela é a minha primeira namorada e aí, você sabe, né? Rola aquela empolgação, você acha que está apaixonado, mas o que eu sei de amor? – respirou fundo - Enfim, o tempo passou e sei lá... Acho que nos tornamos pessoas diferentes. Na verdade, estamos em uma fase meio crítica agora e eu não sei direito o que estou sentindo...

- Acho que sei exatamente pelo o que você está passando... – me encostei na parede ao seu lado.

- Conte-me mais sobre isso... – pediu em tom de brincadeira.

- Não tem muito o que contar. Só que gostei de um garoto, achei que ele também gostava de mim, mas estava enganada. Como você disse, acho que nos tornamos pessoas diferentes do que imaginávamos. Ele e eu – resumi, tentando disfarçar o tom de voz triste.

Ele virou a cabeça na minha direção e fixou os olhos em mim como se quisesse descobrir qual parte de mim estava doendo para que pudesse cuidar.

- Além do mais, ainda tem o Caio... – saiu de perto de mim, como se estivesse preocupado em manter uma distância segura.

- O que tem ele? – me forcei a prestar atenção novamente na conversa.

- Não sacou ainda que ele quer ficar com você?

- Comigo? Mas ele ficava com a Carol... – aquilo simplesmente não fazia sentido.

- Caio sempre teve uma queda por você. Mas como a Julieta nunca quis saber do Rei do Camarote, ele ficou com a sua amiga... – deu de ombros.

- Oi? É sério isso? – ainda não dava para acreditar.

- Tenho cara de quem mente, Gabriela? – fingiu estar bravo – Caio se acha, mas é um cara legal. Caso você queira dar uma chance para ele...

- Sem chances. Não quero ficar com ninguém agora – eu ainda precisava juntar os meus pedaços quebrados.

- Ok, não está mais aqui quem falou – levantou os braços, encerrando o assunto – De qualquer maneira, acho melhor deixar quieto tudo o que rolou aqui. Tipo, o que acontece no quarto da bagunça fica no quarto da bagunça, saca?

- Certo. Isso jamais aconteceu – enfatizei.

- Grande garota! – piscou para mim – E agora, vamos ao Jogo da Vida – pegou a caixa do jogo e saiu do quarto, deixando toda a bagunça – física e mental – para trás.

***
Pensei que todo mundo iria comentar sobre a nossa demora, mas, quando voltamos, os meninos estavam comendo na cozinha enquanto conversavam animados.

- Jogo recuperado! Foi uma tarefa difícil, mas vencemos – Léo disse ao entrar, passando a mão na testa para secar um suor imaginário.

- Vem comer, gente! Sobrou pudim de ontem. Léo, separei um pedaço para você – a garota lançou um olhar do tipo “43” para ele – Gabi, você disse que estava de dieta. Mas tem maçã no cesto – emendou de modo gentil.

- Fica tranquila! Eu trouxe o meu próprio lanche.

Claro que fui zoada por levar “lancheira” para a escola, mas não liguei. Peguei meus potinhos de frutas dentro da mochila e me juntei a eles na conversa animada.

Depois do lanche, voltamos para a sala para jogar. No começo o pessoal demonstrou um pouco de resistência ao Jogo da Vida. O Caio ficou insistindo no Truco e a Laís no “Verdades ou Consequências”. Mas com o tempo – e graças ao bom humor do Léo – todo mundo acabou curtindo a brincadeira.

Ao longo da manhã tive a confirmação que o Leonardo estava certo: o Caio realmente me olhava de maneira diferente e, como o Léo me fez ficar o tempo inteiro ao seu lado, o ex da Carol demonstrava, claramente, que não estava curtindo aquela aproximação. A Laís, por outro lado, aproveitava cada brecha para “atacar”. Porém, comigo por perto, boa parte das investidas acabava dando em nada.

- Gente do céu, preciso ir embora – comentei ao conferir o horário no celular. Já estava mais do que atrasada.

- Deixa que eu abro o portão para você – o Léo se levantou para me ajudar.

Corri até a cozinha, peguei meus potes, dei um tchau rápido para todos e voei para a garagem, onde o Léo já me esperava com o portão aberto.

- Tchau. Obrigada pela ajuda – agradeceu, enquanto eu dava um beijo e um abraço de despedida.

- Imagina. Fica como pagamento pela hospedagem – brinquei, já me virando para sair.

- Gabi!

Me virei para ver o que era, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a boca do Léo estava colada na minha. Foi um beijo intenso e com vontade, como se estivéssemos matando a nossa sede depois de uma longa temporada no deserto. Mas o que mais me surpreendeu foi o que senti. Ao contrário do que acontecia com o Edu, o beijo não despertava uma necessidade descontrolada, algo extremamente necessário para a minha sobrevivência. O beijo do Léo era uma corrente elétrica, que me fazia sentir mais viva, mais dona de mim. Enquanto um era calmo, o outro era... explosivo.

- Léo... – me afastei dele, sentindo seus olhos de verão fixados em mim.

- Desculpa, é que não gosto de passar vontade – riu como se fosse um garoto travesso que acabara de conseguir o que queria.
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Notas finais: GaLéo? Será que rola? E aí, o que acham? Ansiosa pra saber a opinião de vocês!


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Oiieeee.... xD

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