sábado, 20 de junho de 2015

Capítulo 13 – Entregando o jogo

Passei pelo jardim da casa da Carol e abri o portão, que estava destrancado, saindo para a rua. Foi só aí que me dei conta: ainda não havia ligado para o táxi. Puts, como eu era burra!

Bufando de raiva, peguei o celular na bolsa e procurei o número na agenda. O “seu” João era um velho conhecido da família e um taxista de confiança. Eu sempre ligava para ele quando precisava voltar para casa e não tinha carona.

Alguns toques depois ele atendeu.

- “Seu” João, é a Gabriela, filha da Beatriz, da escola de balé...

- Oi, Gabi! Tudo bem, filha? Já sei: está no Itapema, não é? – ele perguntou com simpatia.

- Isso mesmo. Será que o senhor pode vir me buscar naquele mesmo endereço? – tentei animar um pouco a minha voz para não parecer mal educada.

- Claro, em dez minutos estou aí.

- Perfeito, fico esperando – disse antes de desligar.

- Chamou um táxi? – Edu me perguntou de modo receoso, me olhando como se eu fosse um bicho feroz prestes a dar o bote.

- Sim... O “seu” João já está acostumado a vir me buscar. Ele disse que daqui a dez minutos está aqui – cruzei os braços e fechei a cara, demonstrando que não estava nem um pouco a fim de conversar.

- Nossa, rápido assim? – claro que ele insistiu em puxar assunto. E claro que fiquei ainda mais irritada por causa disso.

- Cidade pequena, carioca! Aqui só tem uma rua que sobe e outra que desce... Guararema é um ovo, esqueceu? – meu tom era azedo.

- Ihh, qual é? Vai ficar “bravona” até quando?  - ele se aproximou com um sorrisinho forçado no rosto, tentando amenizar o “climão”.

- Não estou brava – resmunguei de volta.

- Não? Tem certeza? – provocou, chegando mais perto.

- Não. Só estou cansada desses joguinhos de de quinta série da Mari – acabei desabafando, ainda com a cara emburrada.

- Joguinhos de quinta série... – o Edu repetiu como se estivesse analisando a frase.

- É, quinta série! Não consigo entender o que ela quer com isso... Fica pegando no meu pé, inventando um monte de coisa, criando situações chatas – continuei falando, mais para mim mesma do que para ele. Eu sentia uma mistura estranha fervilhando dentro de mim. Eram tantos sentimentos que eu mal conseguia diferenciá-los: raiva, medo, amor, desejo... Teria dado qualquer coisa para fugir daquela situação, para ir a algum lugar longe daquela bagunça.

- Quinta série... Fica pegando no seu pé e criando situações – ele continuou repetindo, parecendo um analista.

- Vai ficar repetindo tudo o que eu falo feito um papagaio? – descontei a minha raiva.

- Vixii... Calma aí, mocinha – ele ergueu as mãos em um gesto conciliador – Olha, a Mari é só minha amiga. Quer dizer... ela tem me ajudado muito, principalmente lá na escola. Eu ainda me sinto meio perdido...

- Eu não me importo com o que rola entre você e ela – disparei, o interrompendo – Só quero poder ficar em paz, entende? Não quero ninguém me dizendo o que tenho que fazer, ou se metendo no que eu sinto ou no que deixo de sentir.

Um silêncio inquieto surgiu entre nós. Aquele tipo de silêncio carregado de palavras presas na garganta e sentimentos aprisionados. Aquele silêncio que faz a alma gritar e o coração ficar apertado dentro do peito, que faz o corpo ficar tenso e que são tão pesados que chegam a curvar os nossos ombros.

- Eu entendo... – o carioca disse, por fim, com a voz baixa e carregada de significados. Nossos olhares se cruzaram e por um minuto senti como se estivesse de fato conectada com ele. Como se o Edu realmente fosse capaz de me compreender, de ler o que passava na minha mente e acalmar o meu coração.

Balancei a cabeça e cruzei os braços com força, como se quisesse me proteger de tudo o que estava acontecendo. Cansada, fechei os olhos e me encostei no muro, pedindo silenciosamente que a noite terminasse bem.

Ao longe, ouvi o barulho de um carro se aproximando. O “seu” João cumprira a sua promessa e chegara com rapidez. Respirei fundo, soltando o ar pesadamente. Pelo menos alguma coisa saiu como o planejado...

- Boa noite, boa noite! – o motorista nos cumprimentou assim que entramos no carro – Nossa menina, que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?

- Não, não... É só uma dor de cabeça forte. Só preciso ficar quietinha um pouco – menti.

- Ahhh, é o calor dessa cidade! Fica tão quente que parece que o ar está nos sufocando – gesticulou as mãos de modo agitado enquanto caprichava no seu sotaque de cidade do interior.

- É, deve ser isso mesmo. Hoje está mais quente que o normal – improvisei alguma coisa só para não deixá-lo falando sozinho.

- Mas fica tranquila! Rapidinho a gente chega na sua casa, aí você toma um comprimidinho e vai dormir um pouco. Aí acorda boazinha para viajar amanhã – o motorista me ofereceu um sorriso amigável antes de dar a partida e começar a dirigir.

- Como o senhor sabe da viagem? – levantei a sobrancelha, intrigada.

- Sua mãe me ligou hoje. Vou levá-las até ao aeroporto. E é bom você já colocar o despertador para tocar. Senão vai perder o horário e sua mãe embarca sem você – “seu” João soltou uma risada alta, como se tivesse acabado de contar uma piada muito engraçada. Me esforcei muito para abrir um sorriso, só para não parecer antipática. O meu estado de espírito estava péssimo naquele momento.

O resto da viagem se resumiu ao motorista rindo, imaginando como seria hilário se eu ficasse sozinha em casa no maior estilo “Esqueceram de Mim”, enquanto eu apenas balançava a cabeça com um meio sorriso engessado no rosto. Edu também se esforçava para parecer que estava gostando do assunto dando uma risadinha amarela de vez em quando.

Felizmente, chegamos rápido até a porta do condomínio. Peguei a bolsa para pagar a corrida, mas o Edu estendeu a mão e acertou o valor antes que eu pudesse interromper. Lancei um olhar contrariado na sua direção, só para receber de volta um dar de ombros como se não estivesse nem aí para o que eu pensava.

Depois das despedidas, descemos juntos e passamos pela portaria do prédio enquanto o taxista dava meia volta e seguia para a próxima corrida.

Caminhamos lado a lado, o peso do silêncio entre nós. Senti o Edu se aproximando, como se quisesse segurar minha mão, mas cruzei os braços assumindo uma posição de defesa. Tudo o que eu queria era chegar em casa, deitar na minha cama e esquecer aquela noite.

Senti meu celular vibrando dentro da bolsa. Soltando o ar pesadamente, pesquei o aparelho.

“Gabi, você chegou bem em casa? Cara, estou meio bêbada! Demorou para cair a ficha que você tinha ido embora...”.

A voz enrolada da Carol na mensagem não deixava dúvidas. Ela realmente bebera além da conta.

- Não, jura? Nem percebi que você estava alterada – comentei em voz alta de modo irônico.

- Está falando sozinha, Gabriela? – Edu riu de mim.

Apenas lancei outro olhar contrariado na sua direção, antes de apertar um botão na tela e começar a gravar uma mensagem de voz.

“Relaxa, acabei de entrar no condomínio. Daqui a pouco estou em casa. Mas ó, nada de deixar o Alê dirigir nesse estado, hein? Coloca ele para dormir no sofá”.

A resposta chegou logo na sequência.

“Ahh, que ótimo! Fiquei preocupada. Está tudo bem, né? E pode deixar, não deixo o Alê sair daqui dirigindo de jeito nenhum. Já tomei a chave do carro da mão dele”.

Eu sabia que, na verdade, ela estava querendo saber sobre o carioca. E em relação aquele assunto, tudo bem era o que, definitivamente, não estava. Mas eu não ia dar o braço a torcer e reconhecer isso na frente dele...

- Tia Melissa vai matar o Alexandre quando souber que ele bebeu na festa – o carioca comentou ainda mais próximo de mim. Eu poderia apostar que ele estava apenas esperando uma vacilada minha para me abraçar ou segurar minha mão. Mas agora quem estava se fazendo de difícil era eu. Não estava nos meus planos facilitar para ele...

- Tenho certeza que ele só bebeu para acompanhar a Carol. Seu primo sempre fica no refrigerante... – avaliei. Tinha algo de diferente no comportamento do meu amigo naquela noite, eu só não conseguia sacar o que era - Bom, sei lá... Alê estava meio estranho hoje – acrescentei assim que viramos a esquina da minha rua.

“Carol, está tudo ótimo. Acabei de chegar na rua de casa. Vou descansar que é amanhã é partiu Bahia. Cuida de tudo aí e depois me conta os babados da festa”.

Mandei a resposta ao mesmo tempo que passávamos em frente a casa do Alê. Pelo canto do olho fiquei reparando se o Edu fazia algum movimento demonstrando que ficaria por ali, mas ele permaneceu firme ao meu lado. Pelo jeito ele manteria a tradição de me levar até a porta.

- Boa noite, Edu – disse, assim que paramos na frente da minha casa. Ficando na ponta dos pés, estiquei o corpo para dar um beijo no seu rosto e depois me virei.

Subi os três degraus e percorri o pequeno espaço entre a área e a porta de casa quando ouvi sua voz me chamando – Não, espera! – Segundos depois, senti suas mãos me empurrando contra a parede. Antes que pudesse respirar, ele colou o seu corpo no meu de tal forma que não havia como eu fugir. Com firmeza, segurou o meu rosto e me beijou com intensidade, como se estivesse com medo de me perder.

Eu sempre sentia algo diferente quando nos beijávamos. O meu coração disparava e parecia que cada parte de mim implorava por ele. Era como se eu tivesse encontrado uma parte minha que estava perdida, como duas peças de quebra-cabeça que se encaixavam perfeitamente. Mas quando ele me beijou daquela maneira, parecia que alguém tinha duplicado a química que rolava entre nós. Tudo estava amplificado e cada gesto dele despertava uma reação intensa no meu corpo. Era como caminhar dias a fio sem comer e beber água e finalmente encontrar um oásis no meio do deserto. Ou talvez como encontrar o único remédio capaz de amenizar a minha febre.

Ele me segurava com firmeza, o calor do seu corpo me aquecendo, o seu típico cheiro de roupa limpa me convidando a me aninhar ainda mais nele, minhas mãos desbravando suas costas, braços, pescoço, peito....

Eu não conseguia mais me lembrar do porque estava brava com ele. Na verdade, acho que seria incapaz até de lembrar o meu nome... Estar com ele sempre era bom, mas dessa vez estava superando todos os limites. O desejo que rolava entre nós era como um ímã que não permitia que eu me afastasse.

- Eu não resisto a essa boca tão gostosa – ele se afastou um pouco de mim e sussurrou enquanto segurava o meu rosto com as mãos e me fixava seus olhos em mim.

Em seguida, ele desceu até o meu pescoço, distribuindo beijos naquela região – Esse perfume... – voltou a sussurrar, agora descendo a mão delicadamente pelo meu braço, o seu toque causando arrepio por onde passava – Essa pele... Eu não resisto a você, Gabriela – afirmou com um brilho intenso no olhar. Estiquei o corpo para beijá-lo, dessa vez de forma mais calma e carinhosa, aproveitando cada sensação que me invadia.

Meu coração enfim se acalmou. Para mim, não havia mais dúvidas: ele gostava de mim e me queria. Apesar do jeito fechado e misterioso, não tinha como ele esconder o que sentia quando me beijava daquela maneira.

- Você confia em mim? – perguntou com a voz baixa, como se ele próprio estivesse inseguro com a situação.

Parei por um instante, olhando o seu rosto fixamente. Os fios loiros caindo pela testa, os intensos olhos verdes, a pele levemente queimada de sol, alguns fios de barba que ensaiavam despontar marcando levemente o seu maxilar. Aquela pergunta confrontava tudo o que eu sentia por ele: vontade de me entregar e medo de estar me iludindo, desejo de ficar junto, de ficar de mão dada e de beijá-lo sempre que tinha vontade, contrariando as regras que ele mesmo impunha para nós. O doce encanto que vinha dele e que me desafiava todos os dias contra a vontade de ficar quieta no meu canto e voltar a ter a vida que sempre tive.

Ao pensar nisso, acabei rindo sozinha. Quem eu queria enganar? Minha vida nunca mais seria a mesma depois do Edu. Eu pedira por uma mudança, e o universo me atendeu. Tudo o que eu poderia fazer era aceitar o que estivesse por vir.

- Confio – respondi, tentando parecer firme e determinada. No fundo eu desconfiava que não havia conseguido, mas mantive a cabeça erguida mesmo assim.

- Então vem – ele segurou a minha mão e começou a me puxar em direção a sua casa.

- Edu, onde estamos indo? – perguntei enquanto me esforçava para acompanhar o seu ritmo me equilibrando sobre os meus sapatos.

- Você confia em mim, não confia? – o carioca me olhou de relance, um sorriso travesso brincando em seus lábios.

Quando chegamos em frente à casa do Alê, ele parou e com um movimento rápido se abaixou, levantando os meus pés e tirando os meus sapatos.

 - Eeeei... – protestei.

- Shhiuuuu... – me censurou, antes de voltar a me puxar. Peguei os sapatos das suas mãos e voltei a acompanhá-lo. Passamos pela garagem, que ficava na lateral da casa, em passos leves e silenciosos. Estava na cara que ele não queria acordar ninguém.

A casa lembrava muito aquelas que estamos acostumados a ver no litoral, com portas de madeiras que se abriam para a parte externa permitindo a entrada do sol. Nos fundos, havia outro jardim, esse ainda maior que o primeiro. Uma fonte de pedra dava um charme a mais às muitas flores coloridas que ali existiam e a vários cristais espalhados pelo chão. Bancos de pedra estavam dispostos por todo o espaço fazendo um convite a quem chegasse ali para sentar e aproveitar a calma que o lugar transmitia.

Nos fundos havia um espaço para refeições com churrasqueira, mesa de madeira no estilo rústico e redes. Como já visitara aquele espaço muitas vezes, sabia que ali também havia uma escada que dava acesso a uma espécie de quarto reserva. Dona Melissa mantinha aquele espaço montado para o caso de receber visitas e não ter espaço para abrigar todos dentro da casa.

Vi o carioca cruzar o espaço, abrir a porta de vidro que dava acesso a escada e ascender a luz – Resolvi ficar nesse quarto, porque minha mãe está no quarto de hóspedes e não queria incomodar o Alê – explicou antes de começar a subir.

Só quando percorri os primeiros degraus que me dei conta do que estava pela frente. Ele estava me levando para o seu quarto! Caraca! E agora? Aquele era um caminho sem volta. Eu não tinha como voltar atrás.

O carioca abriu a porta e ascendeu a luz, revelando um ambiente amplo, porém simples e com pouca mobília. As paredes eram brancas e os móveis em um tom de madeira claro. Havia um guarda-roupa, uma cama de casal, uma cômoda e uma cadeira cheia de roupas.

- Mi casa, su casa – abriu os braços indicando o ambiente como se quisesse dizer que eu deveria ficar à vontade.

À vontade era tudo o que eu não estava naquele momento...

Respirei fundo e passei na frente dele, entrando no quarto. Ele seguiu o meu exemplo na sequência, fechando a porta e indo direto até o guarda-roupa. Enquanto fuçava no armário, observei o lugar. O perfume e o desodorante dele estavam sobre a cômoda. Um skate estava perdido em um canto perto do tênis da Nike – desconfiava que era o seu predileto, porque ele sempre o usava na escola. No geral, não havia muito para se ver ali.

- Ainda tem muita coisa minha no Rio – ele disse como se estivesse lendo os meus pensamentos – Meu pai vai trazer junto com a mudança.

- Deve ser ruim ficar sem as suas coisas, né?

- Um pouco, mas a gente acostuma – falou em tom indiferente. Mas pelo seu olhar dava para perceber que ele sentia falta da antiga cidade.

- E quando vocês se mudam para a casa de vocês? – quis saber. Deveria ser horrível ficar em um lugar que não era seu de verdade.

- No máximo até o mês que vem. Já está quase tudo certo. Minha mãe já fez todas as alterações que queria. Agora é só cair pra dentro – explicou colocando um notebook já ligado sobre a cômoda. Estava tão nervosa que mal reparei que o objeto estava em suas mãos.

Ele mexeu em alguns botões e uma música suave começou a tocar.

*** Link para músicahttps://www.youtube.com/watch?v=Z3E60Fc0b6o ***

A canção combinava perfeitamente com ele: lembrava sol, praia e tinha um ritmo lento e cativante. Encarei a tela e vi que tratava-se da banda Natiruts.

- Pra você relaxar um pouco – chegou mais perto com um sorrisinho tímido no rosto.

- E quem disse que eu estou nervosa? – coloquei a mão na cintura fazendo marra.

- Qual é, Gabi? Quer mentir para mentiroso? – riu da minha cara, chegando mais perto e colocando a mão na minha cintura – É sério, relaxa. É pra confiar em mim, lembra? – senti seus dedos roçarem de leve a minha bochecha em um gesto carinhoso.

Dei uma risada sem graça, sem coragem de olhar para ele. Estava tão ansiosa que mal conseguia me mexer.

- Vem cá... – ele me levou até a beira da cama, me colocando sentada ali. Depois apagou a luz antes de se juntar a mim. A tela do notebook fornecia a única fonte de iluminação, deixando o quarto com um clima um pouco mais aconchegante.

Senti seus braços me envolvendo de forma carinhosa enquanto ele acariciava de leve meus cabelos. Respirei fundo para tentar relaxar. Me concentrei no ritmo da música, soltando o corpo devagar, deixando o Edu me conduzir pra onde ele desejasse.

Com um gesto suave, ele me deitou na cama, colocando-se sobre mim. Senti sua boa sobre a minha e naquele momento, por mais que fizesse calor, senti um arrepio percorrer o meu corpo. O beijo começou de forma calma e lenta e aos poucos foi ficando intenso. Eu sentia as mãos do Edu explorando todo o meu corpo, causando arrepios e deixando minha respiração pesada.

Fechei meus olhos e permiti que ele me levasse por aquele mundo até então desconhecido por mim. Cada toque, cada nova descoberta, seu corpo sobre o meu... Nada parecia ser real. Era como se estivesse em uma realidade paralela, onde só nós existíamos. Longe de todos os problemas, dúvidas, boatos e pessoas que queriam noss atingir.

Naquele quarto com o Edu eu pude, finalmente, expressar tudo o que sentia. Eu o beijava, abraçava e não tinha medo de pedir por mais. Ali não existiam regras a serem seguidas. Eu só precisava seguir o amor que sentia por ele.

A sensação era tão boa que por alguns momentos eu apenas fechava os olhos, desejando que aquele encontro nunca mais acabasse. Quando voltava a abrir, era somente os seus olhos que via, brilhando contra a luz fraca do notebook e me chamando para mergulhar naquela imensidão esverdeada.

Não tive medo quando ele deslizou a mão pela minha cintura e puxou a minha blusa para cima, nem quando puxou o zíper da saia para tirá-la. Ele me olhava como se fosse uma joia preciosa e seus olhos brilhavam como faróis. Seus gestos eram delicados e firmes ao mesmo tempo. Ele me guiava e eu seguia todos os seus passos como uma aluna obediente.

Tudo aconteceu sem pressa, como se o mundo tivesse parado só para nós dois. No início, ele se preocupou querendo saber se estava doendo. Depois, ao perceber que eu estava mais à vontade, passou a se movimentar de maneira gentil, distribuindo beijos pelo meu rosto e repetindo a todo momento que eu era linda.

Eu nunca tinha parado para imaginar como seria a minha primeira vez. Claro que já tinha pensando sobre o assunto, mas nada que incluísse detalhes. Mas quando terminamos e ficamos abraçados olhando um para o outro, o meu coração batendo descontrolado dentro do peito, tive a certeza que nem se tivesse planejado cada passo teria saído de forma tão perfeita. Eu me sentia a garota mais feliz do mundo. A dona dos olhos verdes mais encantadores de Guararema.

- Foi a sua primeira vez, não foi? – ouvi sua voz preguiçosa perguntar.

Assenti com a cabeça, entretida em mexer nos seus cabelos.

- Agora você nunca mais vai esquecer de mim – ele sorriu de maneira convencida antes de depositar um selinho nos meus lábios.

- Quem disse? – provoquei.

Ele virou o corpo rapidamente, me surpreendendo. Quando vi, estava sobre mim, os braços apoiados um de cada lado da minha cabeça como se quisesse impedir que eu fugisse.

- Que foi? Está querendo me amedrontrar? – continuei mantendo uma postura determinada – Sabe o que eu faço com você?

 Ele apenas mexeu a cabeça como se estivesse me desafiando a continuar.

- Isso aqui, ó – falei antes de começar a fazer cosquinha na sua barriga. Não demorou para ele cair na gargalhada, se encolhendo todo na cama me pedindo para parar. Insisti com as cócegas, me divertindo tanto quanto ele.

Por fim, ele acabou conseguindo virar o jogo, agarrando as minhas mãos e me jogando com tudo na cama.

- Você é linda, sabia? – ele segurou os meus braços acima da minha cabeça e concentrou toda sua atenção em mim.

Fiquei séria, fixando meu olhar no dele.

- Sou mesmo um cara de muita sorte...

- É, acho que, sem dúvidas, hoje também foi meu dia de sorte...

***

*** Link para música - https://www.youtube.com/watch?v=hA0cago-VUo ***

Ficamos juntos por mais um tempo, deitados na cama. Vesti uma de suas camisetas e sentamos um ao lado do outro na cama, Edu me mostrando algumas de suas músicas prediletas no notebook.

O dia já estava quase amanhecendo quando lembramos de olhar a hora.

- Edu do céu, já são quase seis da manhã! Daqui a pouco minha mãe acorda e eu ainda não estou em casa – de repente o desespero bateu. Se dona Beatriz descobrisse que eu não havia dormido em casa eu teria muito o que explicar...

- Puta que pariu, nem fala! Daqui a pouco a tia Melissa acorda para meditar no jardim... Se ela ver a gente junto vai dar ruim – ele deu um pulo na cama e foi procurar uma bermuda.

- Meditar?

- É, ela acorda todos os dias para praticar yoga e meditar. Diz que é o seu ritual matinal – explicou, vestindo a roupa apressado.

Segui seu exemplo e coloquei minha saia. Peguei minha blusa, sapatos, bolsa e prendi o cabelo em um coque – tinha até medo de imaginar qual era a situação dele. Não tive coragem de tirar a sua camiseta. Estava tão cheirosa que queria guardar para mim como recordação. Como o Edu não disse nada a respeito, continuei com a peça dando um nó na cintura para não ficar tão cumprida.

Cinco minutos depois estávamos atravessando o jardim e a garagem parecendo dois agentes secretos. Andávamos na ponta dos pés e eu mal respirava de tanto medo de acordar alguém.

Assim que nos afastamos o suficiente da casa caímos na risada juntos por causa da situação.

- Acho melhor você ficar por aqui. Se minha mãe estiver acordada, posso inventar que dormi na Carol ou qualquer outra coisa... Mas se ela te ver, aí fica complicado explicar qualquer coisa – pedi, ainda tentando controlar o riso.

- “Tá” certo! Vai lá, então... – concordou, mexendo no cabelo. Percebi que ele não sabia como se despedir e por isso estava sem graça.

Um sorriso brotou no meu rosto. Eu estava começando a desvendar o mistério chamado Edu...

Me aproximei e fiquei na ponta dos pés para beijar sua boca – A gente se vê na quarta-feira de cinzas.

- A gente se vê – ele repetiu antes de eu virar e correr para casa.
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Notas finais: Desculpem o atraso na postagem! Essa semana foi muito corrida no trabalho!
Geeeente do céu, pelo amor, me contem a opinião de vocês! Estou curiosa!

Só quero avisar que a partir de agora essa bagaça vai pegar fogo! Pre-para que vem muitaaaaa coisa por aí!


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Oiieeee.... xD

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Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

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