Notas
iniciais:
Heeey, gurias! Como estão?
Primeiramente, FELIZ 2016!
Que esse seja um ano de muita paz, sucesso e amor para todas nós.
Em segundo lugar, estão
preparadas para a festa do Caio? Só digo que vai ter bapho, e dos bons! Vem
ler! Primeira parte está mais morninha, mas esse é um ponto importante da
historia! A partir daqui a coisa pega fogo de vez.
________________________
A
semana passou em um estalar de dedos. Na terça-feira à noite jantei com meu pai
no hotel onde ele estava hospedado. Foi uma despedida que não teve bem cara de despedida.
Era como se ele estivesse indo viajar, mas estaria de volta antes do que eu
pudesse piscar os olhos. Mário Sérgio comentou por cima que havia almoçado com
a dona Melissa naquele dia e fiquei imaginando as chances dele mudar de ideia e
resolver ficar no Brasil. Como disse o Alê, ainda era cedo para perder as
esperanças...
Na
quarta, os professores anunciaram uma semana de provas e simulados, o que
acendeu a luz vermelha na minha cabeça. Eu nunca estivera tão mal em relação a
notas e, pelo que tudo indicava, após aqueles testes a situação ficaria ainda
pior. Na quinta, meu grupo de trabalho de artes anunciou que já tinha tudo
esquematizado para a gravação do clipe. Tudo o que eu precisava era dizer sim,
porém consegui enrolar os três para ganhar mais tempo.
Eu
ainda precisava pensar sobre o que meu pai dissera sobre definir o que queria
para minha vida e descobrir quais eram os meus portos seguros, mas acabei
passando a sexta-feira inteira concentrada em escolher a roupa que usaria na
festa do Caio.
No
meio de toda essa agitação, não falei muito com o Léo. Trocamos algumas
mensagens ao longo da semana, mas nada comparado ao que era antes. Percebi que
ele estava um pouco distante, mas não quis pressioná-lo. Não deveria ser fácil
terminar um namoro de tantos anos, mesmo que ele estivesse insatisfeito com a
relação. Além do mais, o nosso contrato dizia que eu não deveria me meter
nesses assuntos pessoais. A minha parte nessa história era estar linda para
curtir a festa, de preferência junto com ele. E era exatamente isso que eu iria
fazer.
Acordei
no sábado cheia de expectativa. Comuniquei minha mãe que iria sair à noite, mas
ela fingiu não se importar. Só disse que eu deveria pedir permissão para o meu
pai e que ele havia deixado uma quantia em dinheiro que valeria como minha
mesada. Sempre que precisasse, ela me daria uma certa quantidade e me
informaria o quanto ainda tinha para gastar. Ou seja, uma espécie de banco
improvisado.
No
começo da tarde o Alê apareceu na minha casa. Estava sentada na minha
escrivaninha fuçando algumas coisas inúteis na internet, como o Facebook da
Mari e da Carol, quando ele entrou no meu quarto sem pedir licença e já foi se
jogando na cama.
-
Que horas você vai para a festa do Caio? – já foi direto ao assunto.
-
Primeiro: como você entrou aqui? Segundo: como você já vai chegando no meu
quarto desse jeito? E se eu estivesse fazendo algo que ninguém pudesse ver?
Terceiro: você não suporta o Caio, porque vai na festa dele? – deixei meu
notebook de lado e girei a cadeira para ficar de frente para ele.
-
Quantas perguntas, Gabriela. Isso é um interrogatório? – me lançou um olhar
irônico querendo me provocar.
-
Ou você me responde, ou te jogo da sacada. Você que sabe – fiz cara de
marrenta.
-
Sabe, às vezes sinto saudades da época que você era uma bonequinha indefesa –
deu um meio sorriso, que me irritou ainda mais – Tá, não precisa fazer essa
cara. Respondendo suas mil questões: sua mãe abriu a porta para mim e entrei
porque sabia que você não estava fazendo nada demais. E mesmo que estivesse,
mais cedo ou mais tarde eu ia ficar sabendo, então não faz diferença. E, por
último, não gosto do cara, mas festa é festa, né? Não posso perder essa – abriu
outro sorriso amarelo, todo convencido de si.
-
Às vezes ainda me impressiono com a sua cara de pau – retruquei em tom ácido.
-
Eu sei que você me ama, Gabs. Não precisa ficar demonstrando assim, de forma
tão expressiva, que fico sem graça – me provocou com brilho divertido nos olhos
– Mas vamos ao que interessa: que horas você vai? Dona Melissa liberou o carro,
mas só se você for junto e prometer que não vai me deixar beber. Ela ficou
chateada na festa de Carnaval do Gueto porque tomei um porre. De álcool e de
amor – completou com um humor negro.
-
Nossa, mas você dormiu lá, nem voltou dirigindo – recordei.
-
É, mas ela ficou meio cismada – ele deu de ombros – Porém, como estamos nesse
clima de família unida e feliz, se você for, ela libera o possante.
-
Bom, sendo assim... Faço esse esforço de ir com você – brinquei – Estava
pensando em ir lá pelas oito horas. O que acha?
-
Se levarmos em consideração que você só vai realmente ficar pronta por volta das
oito e meia, é um horário ótimo – ele seguiu com as provocações, o que me fez
rir. O que eu mais gostava no Alê era isso: o fato dele me conhecer tão bem que
era capaz de me fazer achar graça dos meus próprios “defeitos”.
-
Espero que na próxima encarnação você nasça mulher. Aí vai saber o quanto é
difícil ficar pronta no horário quando precisa arrumar o cabelo, se maquiar,
escolher roupa, sapato, acessórios... – defendi o meu lado.
-
Claro, claro... isso sem falar nas fotos para as amigas aprovando o look, nas
duas mil vezes que vocês trocam de roupa até decidirem ficar com a primeira que
experimentaram e por aí vai... – fez piada.
-
Pensa bem, estou te treinando para quando você tiver uma namorada – pisquei
para ele.
-
É, pensando por esse lado... – balançou a cabeça, me dando razão – Aproveitando
que entramos nesse assunto de amor, está sabendo que vai ter Guararema Fest
Show semana que vem, né?
-
Nossa, já? – nem tinha me dado conta que já estávamos em março, mês que sempre
acontecia a Festa do Peão na nossa cidade. O evento fazia parte do calendário
oficial e servia para atrair turistas. Para isso, contava com shows de grandes
cantores sertanejos e estrutura de primeira categoria. Até quem não gostava
muito do estilo country participava de tão bombada que a festa era.
-
Já, bonequinha! E eu tenho ingressos para o show do Jorge e Mateus. E aí? Bora
curtir um clima romântico no Fest Show? – meu amigo propôs.
-
Claro! Adoro Jorge e Mateus! – aceitei o convite na mesma hora.
-
Então, fechou! Prepare-se para dançar um arrocha semana que vem – se mexeu na
cama, tentando fazer uma dança, mas só conseguindo parecer uma minhoca.
Passamos
o resto da tarde vendo alguns vlogs famosos para pegar algumas referências e
discutindo os assuntos que poderíamos abordar nos próximos vídeos. Depois
acabei pedindo ajuda para escolher a roupa que usaria na festa. Ele elegeu uma
saia preta um pouco rodada, uma t-shirt estampada cavada, do tipo que deixava o
top aparecendo, e uma bota de cano baixo e salto confortável.
-
Da última vez que te vi tão empenhada em uma festa você estava tentando seduzir
o meu primo. Quem é a vítima dessa vez? – ele perguntou, lançando um olhar
curioso na minha direção.
Senti
meu rosto ficar tão vermelho que precisei fingir que estava procurando algo no guarda-roupa
para não precisar encará-lo – Não vou seduzir ninguém, seu bobo! Só quero estar
bonita, oras...
-
Se você está dizendo... Só acho que você deveria parar de perder tanto tempo
com esses garotos babacas.
-
Como assim? – me virei para ficar de frente para ele.
-
Você perde tanto tempo tentando agradar esse povo besta, tipo Mari, Carol e até
o meu primo, mas nunca dedica a mesma energia para o que você quer – explicou
com a voz de alguém que precisa te contar algo ruim, mas não quer você fique realmente
chateada.
Senti
meu coração afundar dentro do peito, como se, de repente, tivesse descoberto
uma verdade muito triste ou perdido algo de muito valor - Nada a ver, Alê. Eu
só estou me arrumando, toda garota faz isso quando vai a uma festa – me defendi,
recusando a dar o braço a torcer. Não porque achava que ele não tinha razão,
mas sim porque tinha vergonha de assumir aquilo até para mim mesma.
-
Não precisa ficar com essa cara, bonequinha. Mas é verdade. Se colocasse metade
dessa empolgação em algo que realmente quer, talvez não se importaria tanto com
o que as outras pessoas pensam ou falam – mexeu as mãos, tentando me fazer
entender aquelas palavras de qualquer jeito.
-
Mas você também se preocupa com o que as pessoas falam. Tanto que fez o vlog para
“contra-atacar” – ergui os dedos fazendo aspas falsas acima da cabeça.
-
Mas é diferente, Gabs. Faço o vlog para expressar o meu ponto de vista sobre
algumas coisas que vejo e não fazem sentido para mim, entende? Eu não concordo,
mas minha vida não muda por causa isso. É por isso que, quando a Carol não me
quis, eu não precisei fugir. Eu sei o que sou e sei que não vou deixar de ser
esse Alexandre só porque ela quer. Me machucou saber que ela tem uma cabeça tão
pequena? Claro que machucou. Mas sei que sou maior do que isso, saca? Ela não
tem o poder de mudar a minha verdade – explicou, assumindo aquele ar de garoto
sério e maduro que se escondia por trás do skatista que não levava nada a
sério.
-
Você falou igualzinho meu pai agora – mudei de assunto de propósito. O Alê não
sabia, mas se continuasse jogando as verdades na minha cara daquele jeito, era
capaz de eu desistir de ir para a festa e passar o resto da noite chorando.
-
É a convivência com a dona Melissa. Minha mãe fica tendo esses papos cabeça comigo,
aí dá nisso – ele riu, deixando o assunto morrer de vez para a minha
felicidade.
-
Queria ter uma mãe como a sua – confessei.
-
E eu queria ter uma mãe normal, só para variar – disse forçando um tom de
lamentação.
-
Melhor mudar de ideia. Afinal, se nosso plano der certo e nossos pais ficarem
juntos, teremos papos cabeça em dose dupla - avisei.
-
Vou virar um buda desse jeito – fez cara feia, caindo na risada logo depois –
Vou para casa me arrumar e volto para ver como está o seu plano de sedução, ok?
-
Já disse que não é um plano de sedução – revirei os olhos.
-
Sabe qual é o nosso problema, Gabi? – levantou da cama e veio até mim, parando
bem na minha frente. Apenas levantei a sobrancelha, curiosa pela resposta – Eu
te conheço. Até mais do que você mesma se conhece – deu um beijo no meu rosto e
saiu em direção a porta – Vê se não atrasa muito hoje, hein? – fez a última
provocação antes de me deixar sozinha.
Fiquei
ali, parada e em pé, enquanto a luz do sol se pondo entrava pela janela de
vidro e cobria o quarto com uma cortina dourada. As palavras do Alê ficavam
indo e voltando na minha cabeça como uma música programada para sempre
recomeçar a tocar.
Eu
sabia que as palavras dele, assim como os conselhos do meu pai, faziam sentido.
Mas como eu poderia reconectar todos os fios soltos dentro de mim?
***
Acabei
ficando pronta cinco minutos antes do horário marcado. Me olhei no espelho para
checar o resultado final e uma sensação estranha percorreu meu corpo, me
fazendo arrepiar. Um pressentimento ruim me fez ter a certeza que algo estava
errado, mas não sabia o que era.
Respirei
fundo e tentei me convencer que era só medo de encontrar a Mari e a Carol fora
do ambiente da escola. Eu sabia que não tinha motivo para me preocupar com o
Léo, mesmo que ele estivesse um pouco mais afastado. Algo me dizia que quando
nos encontrássemos tudo seria como sempre foi: leve e natural.
Gritei
tchau para minha mãe do início da escada e desci para encontrar com o Alê. A
cada passo a sensação que já tinha vivido aquela situação me vinha mais e mais
forte.
-
Caramba, o mundo vai acabar hoje! Gabriela ficou pronta no horário – o skatista
fez questão de comentar quando abriu a porta para mim.
-
Ele também pega no seu pé com horário, Gabi? – ouvi dona Melissa perguntar lá
do fundo da sala.
-
Nossa, e como! Parece um velho chato reclamando de tudo – fiz cara de zangada,
só para fingir que estava brava.
-
Ah, não! Melhor a gente ir logo, senão as duas vão começar a falar mal de mim e
não vão parar mais. Tchau, mãe! Até mais tarde – foi me puxando pelo braço,
enquanto se despedia e fechava a porta.
Entramos
no carro e seguimos para a casa do Caio conversando sobre o nosso maior dilema
no momento: a semana de provas. Nenhum dos dois fazia ideia de como “sobreviveríamos”
aos testes.
-
Só um milagre para nos salvar – Alê concluiu com a voz triste enquanto
estacionava o carro. O aniversariante morava perto da casa da Carol, o que fez
a sensação de desconforto ficar ainda mais forte. Estar ali me fazia pensar que
eu voltara a velha “bonequinha” de sempre.
-
Bom, mas teremos o resto da semana para sofrer com isso. Até porque, agora é
hora da festa. Pronta, Monster High? – o humor do meu amigo melhorou
consideravelmente ao falar a palavra festa.
-
Sou só eu, ou isso está parecendo as festas no Gueto? – perguntei, porque não
aguentava mais aquela impressão me sufocando.
O
skatista mexeu a boca, ponderando o assunto – É... considerando que toda a
nossa antiga turma está aqui, está me parecendo mesmo um vale a pena ver de
novo – indicou a frente da casa do Caio com a cabeça.
Dirigi
meu olhar naquela direção e vi Caio, Mari, Carol e Gustavo conversando. Eu nem
precisava chegar perto para saber que a loira estava jogando charme para o Gú
enquanto a Cá fazia o seu papel de sempre: correr atrás do Caio. E depois eu é
que me jogava para cima do Edu... Era tão fácil julgar os outros quando não
olhávamos para o nosso próprio nariz.
Revirei
os olhos, louca para jogar umas verdades na cara daquelas duas.
-
Vem, Gabi! Vamos logo! Não vejo a hora de cumprimentar nossas amigas
“falsianes” – Alê abriu a porta e saiu do carro, me obrigando a imitá-lo.
Seguimos
ao encontro do grupo com o sorriso mais forçado que éramos capazes de
sustentar.
-
Gabi, você veio! Que ótimo! – o aniversariante veio em minha direção me
recebendo com um abraço.
-
Claro que eu vim. Te devia essa, não é? – brinquei enquanto ele me apertava em
seus braços de forma carinhosa. Me surpreendi ao perceber que estava contente
de rever aquele garoto que há alguns meses eu não suportava. Naquele momento,
tive certeza que a vida estava realmente empenhada em me mostrar que eu poderia
estar errada sobre muitas coisas. Talvez eu só precisasse prestar mais atenção nas
pistas que ela me dava.
-
Hey, parceira! Pronta para mais um retiro? Já estamos escolhendo a próxima data
– O Gú me cumprimentou assim que seu amigo me soltou. Ele tocou na minha mão e
depois me deu um beijo no rosto, sorrindo para mim de forma carinhosa.
Pelo
canto do olho percebi que as meninas encaravam a cena sem entender nada. Na
certa estavam se perguntando quando foi que eu e o ex da Carol começamos a nos
dar bem.
-
Já que hoje é meu aniversário, acho que finalmente terei o prazer de jogar
truco com você, não é Gabi? – Caio perguntou de um jeito desconfiado, como se
estivesse pedindo permissão para o skatista.
-
Sempre de olho na minha parceira, hein? – Alê cutucou – Mas ok, hoje ela está
liberada. Só não acostuma... – fez o tipo marrento, em uma perfeita cópia do
primo. Talvez aquilo fosse de família.
O
anfitrião nos guiou pelo interior da casa, passando por uma garagem que dava
acesso a um corredor amplo e iluminado. Saímos em uma área aberta, equipada com
churrasqueira e piscina. Por ali a festa corria animada, com pagode tocando e
algumas pessoas caindo na água. Ao que tudo indicava, a comemoração havia
começado mais cedo do que o planejado.
-
Mi casa, tu casa – o garoto brincou, lançando mão de uma das frases do Edu – Fiquem
à vontade. Tem comida perto da churrasqueira e bebida naquela mesa – apontou
para um canto onde se via uma geladeira, algumas mesas e garotos muito animados
dançando em cima de cadeiras – Vou buscar o baralho.
Mari
e Carol saíram para cumprimentar algumas pessoas, mas Alê e Gustavo ficaram
comigo. Os dois começaram uma conversa relacionada sobre coisas malucas que as
pessoas fazem quando estão bêbadas – papo iniciado por causa de um grupo de
garotas cantando feito loucas e jogando água para cima na piscina – enquanto eu
rastreava o lugar feito um detetive à procura do meu cabeludo.
-
E o Léo? Não chegou ainda? – perguntei como não queria nada, depois de não
encontrá-lo em lugar nenhum.
-
Vixi Gabi, não sei... Léo andou meio enrolado essa semana. Não sei nem se ele
vem – respondeu de jeito estranho. Alguma coisa estava acontecendo, mas eu não
fazia ideia do que era.
Ao
meu lado, o Alê lançou um olhar que dizia “Hum... Então o tal Léo é a vítima da
vez?”.
Ignorei
suas insinuações silenciosas e tratei de entrar na conversa sobre as bêbadas da
piscina quando a Laís chegou.
-
Oi, Gú! Oi, Gaaabi! Quanto tempo – praticamente pulou em cima de mim esbanjando
simpatia.
-
Laís, esse é meu amigo, o Alê – fiz as apresentações depois de dar um longo
beijo e um abraço nela.
O
skatista se aproximou para beijar o rosto da morena mal disfarçando seu
espanto. Ri da sua cara de pau, mesmo sabendo que era difícil resistir aos
encantos da garota. Naquela noite, em especial, ela estava linda com os cabelos
presos, maquiagem bem feita e um vestido branco que realçava suas curvas.
-
Prazer – ela sorriu para ele, sabendo que havia causado uma primeira impressão
marcante - Arrasou no delineador hoje, hein? Vejo que aprendeu direitinho! – me
elogiou na sequência.
-
Gabi tá lindona hoje mesmo. Vai matar gente afogada nessa piscina – Gú entrou
na brincadeira.
-
Minha bonequinha anda terrível mesmo – Alê deu um jeito de se enturmar.
-
Minha bonequinha? – Laís repetiu sem entender.
Revirei
os olhos sabendo o que vinha pela frente – Vou até buscar uma cerveja, porque é
uma looonga história – avisei, deixando o Alê à vontade para contar sobre o meu
apelido de colégio.
Passei
pela rodinha da Marília e vi que a Nathália também estava na festa. Devia ter
chegado antes, porque senão teria visto ela passar por mim. Ela estava com um
batom vermelho bem marcante e um decote generoso. Desviei o olhar, mas não
consegui espantar um pensamento que surgiu na minha mente: o Edu vivia
repetindo que não gostava de chamar atenção. Então por que ficou com aquela
menina?
-
Gaaaabi, vem logo! – ouvi o Caio me chamar, sentado em uma das mesas perto dos
garotos dançavam em cima das cadeiras. Gú, Alê e Laís já estavam lá.
Coloquei
um pouco de cerveja em um copo de plástico e fui até eles – Trate de jogar
direito, porque não estou acostumada a perder – avisei meu parceiro antes de
assumir o meu lugar.
-
O seu amigo aqui falou que vai me ensinar uns truques. Quero aprender a jogar
que nem vocês – a Laís avisou apontando para o skatista.
Foi
a minha vez de lançar um olhar insinuante na sua direção como quem diz “ensinar
alguns truques?”. Ele apenas deu de ombros, assumindo que estava mal
intencionado.
O
jogo seguiu acirrado. Tinha me esquecido do quanto ficar contra o meu fiel
parceria era difícil. Meu vizinho era muito bom de truco e a Laís era bem
inteligente, aprendia rápido os massetes. Sem falar que rolou um entrosamento
imediato entre os dois. A minha única vantagem – se é que podia chamar assim –
era o Caio também ser um bom jogador e o fato de nos conhecermos há um
tempinho, o que me ajudou a ler melhor os seus gestos e vice-versa.
Era
a vez da Laís dar as cartas quando vi meu parceiro desviar o olhar na direção
da piscina, levantar um dos braços e acenar.
-
E aêêe, Léo!
Tentei
me controlar, mas foi como se eu fosse uma marionete e alguém estivesse
manipulando as cordas. Institivamente me virei na sua direção, pronta para
vê-lo sorrir para mim como se fosse meu sol de verão. Porém, o que vi me deixou
petrificada: ao seu lado, de mãos dadas com ele, estava a Vanessa.
Foi
como entrar em um vídeo em câmera lenta. Vi ele caminhar até mim para me
cumprimentar e abri um meio sorriso, me esforçando para esconder o choque.
Falou comigo como se mal me conhecesse e se afastou, seguido de perto pelo seu
“cão de guarda” enquanto eu não ouvia ou sentia nada. Tudo girava devagar e
parecia pesado, como se a terra tivesse saído de órbita e a lei da gravidade
estivesse me puxando com muito mais força para baixo.
Inventei
que precisava ir ao banheiro e saí de perto do pessoal. Assim que tranquei a
porta, encostei as costas na madeira fria e fechei os olhos, um déjà vu de
cenas, lembranças e sentimentos estourando sobre mim como ondas em uma maré
brava.
Vi
o Edu me abraçando e cantando pra mim, nós dois dançando juntos, senti seus
beijos no dia que ficamos juntas e ouvi o carioca me chamando de linda. Na
sequência, a foto dele com a Nathália surgiu na minha mente junto com o seu
sumiço repentino e a dor que nascia no meu peito e se espalhava por todo o meu
corpo como um veneno fatal.
Era
como um filme de terror, onde eu me via presa novamente na mesma armadilha.
Passei os braços em volta do meu corpo, mas não adiantava mais. Os poucos fios
que ainda estavam firmes se romperam, junto com aqueles que eu mal tinha
começado a consertar.
____________________________________________
Notas finais: Ai Deeeeus, Gabi não tem sorte com festas,
né? Sempre dá errado, gente! Como pode?
Doeu no meu coração a hora
que ela viu o Léo com a Vanessa. Poxa, Cabeludinho! Precisava disso? Ai gente,
será o fim do contrato? Como ficará essa sociedade depois desse bapho?
E Alê e Laís, hein? Hum....
Pintou clima, hein? O que acham?
Genteeee, estamos chegando
no fim da segunda fase! Agora que o trem fica bom de vez. Ansiosas?
Beijo no coração, a gente se
encontra no próximo cap! <3
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Oiieeee.... xD
Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!
Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*
Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*
E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!